Apesar da instabilidade gerada pela pandemia, o segmento cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2021
O segmento de logística no Brasil tem caminhado em crescimento contínuo, mesmo diante do cenário de instabilidade que a pandemia de covid-19 trouxe para o mundo todo.
O modal rodoviário lidera a movimentação de cargas no Brasil, de maneira que em 2020 a frota no país chegou a 107,2 milhões de veículos, de acordo com dados levantados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), o transporte de cargas no país, levando em conta todos os modais, foi maior no ano de 2020, quando comparado ao de 2019.
No total, foram 1.771 bilhões de TKUs - unidade que combina toneladas com quilômetros percorridos - ante os 1.753 bilhões de TKUs do ano anterior, representando um aumento de 1%.
Considerando o ano anterior, o levantamento Radar CNT do Transporte, divulgado pela CNT, apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do transporte cresceu 3,6% em volume no primeiro trimestre de 2021.
Além disso, o segmento superou o crescimento nacional neste mesmo período, quando comparado ao ano passado, de modo que o setor de transporte cresceu 1,3%, enquanto o crescimento nacional foi de 1%.
Muito desse desenvolvimento é fruto do grande investimento em novas tecnologias por parte das empresas de transporte, além de uma gestão inovadora e focada nos resultados operacionais.
Eduardo Ghelere, diretor executivo da Ghelere Transportes, transportadora situada no Oeste do Paraná - Cascavel, conta que as empresas precisam saber inovar mesmo diante das adversidades e trazer novas possibilidades para as organizações.
“No ano de 2019 tínhamos muitos planos e projetos aqui na Ghelere, voltados para os próximos dois anos. Com a chegada do novo coronavírus, algumas empresas sentiram o impacto de forma mais agressiva e fecharam as portas, de modo que projetos com grandes clientes nossos, como a Heineken, acabaram se tornando mais desafiadores”, aponta o empresário.
No entanto, Ghelere destaca que as reuniões online foram verdadeiros catalisadores nos processos da companhia, permitindo que programações previstas para um prazo de dois anos fossem realizadas em seis meses.
Mesmo com uma série de planejamentos em xeque por conta dos imprevistos do ano anterior, o executivo afirma que a transportadora se ajustou bem e alcançou bons resultados, investindo fortemente em tecnologia.
“Nossa equipe atualizou todos os processos e investimos mais pesado no programa de pontos de gameficação, além disso tornamos realidade nosso desejo de implementar placas fotovoltaicas em nossos caminhões, proporcionando uma sustentabilidade não só ambiental, como também financeira”, ressalta.
Acompanhando as tendências de mercado, Ghelere aponta que o futuro da logística e do transporte está pautado nas tecnologias 4.0. “Mais da metade da nossa frota já conta com câmeras com inteligência artificial, que faz os apontamentos automáticos e segue direto para a gameficação”, afirma o empresário.
A inovação e tecnologia, além de certa ousadia na forma de gerir, sempre permearam a trajetória de Eduardo. Ao longo de seus 14 anos de gestão na Ghelere Transportes, a frota foi ampliada cerca de 665%. “A transportadora está no mercado desde 1981 e sempre teve seu nome reconhecido, no entanto era uma empresa bem tradicional.
Quando eu assumi a gestão em 2007, nós tínhamos de 20 a 30 caminhões na frota, hoje temos mais de 200 e isso se deve às modernizações que temos feito e porque ousamos”, explica.
O empresário destaca que, em termos estratégicos, é preciso pensar grande a longo prazo, focando no crescimento. “Todo o restante anda atrás deste pensamento, costumo dizer que em movimento é possível ajustar e consertar as coisas, principalmente com uma equipe focada e uma gestão de resultado”, afirma Ghelere.
“Como empresário do transporte rodoviário de cargas, devemos estar atentos às tendências que aparecem no mercado, mas sempre as trazendo para o nosso cotidiano e entendendo como é possível implementá-las na transportadora. No TRC, nosso negócio é reduzir custos, aumentar eficiência e evitar acidentes, o restante é apenas consequência”, completa.
Mesmo com um cenário positivo, o diretor executivo ressalta que as empresas de transporte não podem perder o foco, pois ainda há uma série de instabilidades para driblar, o crescimento da inflação e a economia parcialmente dolarizada.
“Seria imprudente acharmos que seguimos crescendo de qualquer maneira, nós precisamos de muito foco, controle de custos e aproveitar as oportunidades”, finaliza Eduardo Ghelere.
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