O Brasil é o país com uma das maiores malhas rodoviárias do mundo, ocupando o 4º lugar no ranking mundial, com 1,7 milhão km, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (6,5 milhões km), China (4,2 milhões km) e Índia (4,1 milhões km). Também fica na frente de outros países mais industrializados como a Rússia (1,28 milhão km), Japão (1,21 milhão km), Canadá (1,04 milhão km), França (1,02 milhão km), Austrália (823 mil km) e Espanha (683 mil km), segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Um ponto negativo é que apenas 12,4% da malha rodoviária brasileira é pavimentada, o que afeta diretamente no transporte de cargas, tornando-se um dos maiores gargalos a serem enfrentados pela nossa logística.
A dependência do modal rodoviário para escoamento de produção é reflexo da nossa matriz histórica de distribuição e da falta de investimento em infraestrutura na velocidade em que necessitamos, especialmente após o período pandêmico mundial, responsável pelo aumento dos e-commerces, que demandaram atenção e trabalho árduo do segmento em nosso país. Para se ter uma ideia, as despesas com transporte transitam entre as maiores das empresas e interferem diretamente na competitividade dos nossos produtos.
Essas despesas são causadas por pelo menos três fatores ligados à má infraestrutura das estradas:
Destaco também como um gargalo na logística a falta de investimento em inovação e tecnologia. Ainda temos um setor muito analógico, o que torna algumas etapas da operação mais onerosas. Um olhar para a tecnologia pode ser benéfico para diminuir prazos, custos e até prevenir acidentes no transporte de cargas.
A instalação da telemetria, por exemplo, possibilita o acompanhamento, em tempo real, dos principais comportamentos de risco na condução dos veículos. O sistema auxilia no gerenciamento das informações e permite maior agilidade na tomada de decisões relacionadas à rotina do condutor, funcionamento e eficiência dos veículos. Com isso, são gerados relatórios que permitem aos transportadores mapear áreas com alto fluxo de pedestres, indicativos de redução de velocidade e até mesmo adaptação do roteiro para uma região que não ofereça risco.
Existem muitos hardwares que podem ser instalados nos veículos, desde o modelo satelital (caro e complexo), até um modelo via rede 3G de celular (não tão caro, mas ainda com uma instalação que exige a parada do veículo), ou ainda soluções mais acessíveis onde usamos um APP que possui praticamente as mesma soluções dos demais, porém muito barato e simples. Esses softwares auxiliam no gerenciamento das informações em tempo real e permitem maior agilidade na tomada de decisões relacionadas à rotina do condutor, funcionamento e eficiência dos veículos, agilizando a tomada de decisão com proatividade e predição para antecipar os acontecimentos e ainda diminuir os riscos da viagem.
Com isso, são gerados relatórios que permitem aos transportadores mapear áreas com alto fluxo de pedestres, indicativos de redução de velocidade e até mesmo adaptação do roteiro para uma região que não ofereça risco. Essas informações possibilitam criar análises e otimizar toda a estrutura logística.
De fato, os gargalos logísticos causam perdas econômicas enormes ao país e sabemos que a questão da infraestrutura não será resolvida rapidamente. No entanto, com investimento relativamente baixo e iniciativas simples, é possível aumentar a produtividade das operações e melhorar a lucratividade do setor com a tecnologia. A digitalização dos processos de logística é mandatória. Por isso, é fundamental voltar os olhares para dentro da área e entender o que pode ser feito para otimizar e agilizar os processos desde agora.
Fonte: Denny Mews é fundador e CEO da CargOn é professor de Inovação e Tecnologia dos cursos de MBA pela Católica-SC e pela Fundação Dom Cabral (FDC).
Foto: divulgação
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