A maior parte de vocês deve saber de onde surgiu a expressão “boi de piranha”, mas não custa explicar para quem não sabe. Quando as comitivas de gado se deslocam em busca de mais pasto, lugar seco, ou outras fazendas, um dos grandes perigos são as travessias dos rios. Não apenas pela possibilidade do gado se afogar, ou desgarrar, mas principalmente quando há piranhas no rio.
Como atravessar o rio com piranhas? Simples, para quem sabe. Um ou dois vaqueiros levam um boi para longe do resto da boiada. Fazem um corte nesse boi e o jogam no rio. As piranhas correm para devorar aquele boi, enquanto os outros atravessam o rio tranquilamente.
Mas o que tem a ver boi de piranha com caminhoneiro? Tem tudo a ver. Pelo menos na visão de alguns espertinhos, falsos líderes que estão usando caminhoneiros de boa índole para fazerem “o trabalho sujo” e se promoverem.
Agitar uma greve sem uma pauta de reivindicação, simplesmente alegando que era para “derrubar a Dilma” mostra, no mínimo, uma tremenda burrice de quem organiza. Derrubar a presidenta requer muito mais do que os caminhoneiros. O próprio ministro das Comunicações afirmou que o “Governo apóia qualquer greve, desde que seja justa e tenha uma pauta de reivindicações”. Ou seja, os “líderes” nem deram chance ao Governo de falar que era contra. Não havia do que ser contra.
A greve é um direito legítimo de todos os trabalhadores, assim como o direito de ir e vir. Não posso reivindicar meus direitos impedindo que as pessoas se desloquem. Uma greve tem ser bem planejada, com reivindicações claras e objetivas.
Fazer piquetes, quebrar caminhões de quem não quer aderir à greve é vandalismo, radicalismo e prova de que o bom senso foi esquecido. Essa última tentativa de greve foi tão ridícula que no segundo dia a imprensa parou de noticiar. Mesmo assim, alguns caminhoneiros, movidos sabe-se lá por quais razões, insistiam em tumultuar a vida de quem quer trabalhar e construir um País de forma decente, honesta e ordeira.
Imagine uma greve de caminhoneiros na qual nenhum caminhão circule. Nenhum caminhão saia da garagem, de seus terminais. O efeito será o mesmo, ou melhor, ainda melhor. Nada será transportado e a população, no primeiro momento, não será prejudicada com o trânsito caótico que sempre se forma nas greves de caminhoneiros.
O prejuízo virá com o desabastecimento. Porém, até isso acontecer, com reivindicações coerentes, união entre todos (nenhum caminhoneiro se mexe) e líderes inteligentes e bem intencionados, não há por que o Governo não negociar.
Caminhoneiros, os senhores (e senhoras) não sabem a força que têm. Não deixem que aproveitadores e oportunistas explorem essa força. Conversem entre si, se informem. A informação é a melhor arma contra usurpadores. Não sejam explorados, não se deixem levar por promessas de um futuro que só vocês podem construir.
Não sejam bois de piranhas para que, enquanto vocês ralam nas estradas, levam pauladas da polícia, cheiram gás de pimenta e são presos, os aproveitadores e falsos líderes deem entrevistas nas televisões como se fossem grandes estadistas.
Você pode não usar terno e gravata, mas sem você, eles nunca chegariam a esses aproveitadores.
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