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Caminhoneira Isabela dos Santos nunca deixou de sonhar

Por Equipe RC em 21/03/2023 às 08:59
Caminhoneira Isabela dos Santos nunca deixou de sonhar

A redação da revista Caminhoneiro bateu um papo com a mulher caminhoneira Isabela Leopoldino dos Santos, para saber como se tornou motorista profissional. Com uma voz que deixa transparecer que é uma pessoa determinada explicou: “ganhei habilitação para dirigir caminhão da Mercedes-Benz, em 2021. Depois disso, comecei a exercer a atividade com o meu pai, Osmar dos Santos, e não parei mais”.

De Caçapava, interior de São Paulo, atualmente, ela e o seu pai transportam cana-de-açúcar, dirigindo um Mercedes-Benz Atego. “Ele é produtor rural, então a gente transporta desde a plantação da cana até a sua entrega final”, diz.

O sr. Osmar Santos sempre trabalhou com caminhão. No início fazia a rota para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) entregando flores toda terça e quinta-feira. Quando eu podia sempre acompanha o meu pai, nessa época eu era criança. Foi ali que nasceu a paixão pelo caminhão”, lembra.

“Já maior de idade, habilitada na categoria B, o meu pai transportava cana-de-açúcar para o Rio de Janeiro e eu também o acompanhava sempre que podia. Nessa época, apesar de ser maior de idade, ele nunca me deixava dirigir”, lembra.

“Em 2021, a Mercedes-Benz lançou a promoção “Na direção dos seus sonhos”. As mulheres interessadas deveriam gravar um vídeo contando sua história de vida, sua relação com o caminhão e porque sonhavam em ser caminhoneiras. O vídeo deveria ser enviado para o WhatsApp. As histórias foram analisadas com base nos critérios de originalidade, criatividade e adequação ao tema. As 30 melhores histórias foram premiadas com voucher individual, o qual contempla as despesas do Centro de Formação de Condutores, incluindo o número de aulas práticas exigidas por lei e 1 (um) exame prático do Detran, além de 1 (um) exame médico e psicotécnico e 1 (um) exame toxicológico para obtenção da carteira Nacional de habilitação categoria “C”.

Isabela lembra que mesmo o seu pai não apostando acabou se inscrevendo na última hora, mas guardei segredo. O resultado foi que acabei sendo selecionada. Vibrei bastante e, este momento, compartilhei com todos da minha família. Na hora percebi uma certa resistência por parte do meu pai. Na sua visão, ele achava que ser mulher caminhoneira era uma profissão difícil e teria que aguentar muito preconceito. Mas, como ele percebeu que estava determinada não teve jeito e acabou cedendo e me ajudando”.

“Infelizmente, muitos ainda não compreendem porque uma mulher possa gostar de caminhão e de trabalhar como caminhoneira. Na maioria das vezes, o preconceito se manifesta em ações que colocam em dúvida a capacidade que as mulheres têm de conduzir um veículo de grande porte. Ou quando a preferência da vaga é direcionada para os homens baseando-se no critério de que as mulheres não dão conta do serviço. Ainda acho muito triste esses pensamentos”, finaliza a motorista profissional.

Foto: divulgação/revista Caminhoneiro

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