Ao buscar novas oportunidades no mercado de trabalho é comum que algumas pessoas considerem mudar de país. Pessoas saem do Brasil em busca de oportunidades e muitas vezes se deparam com diferentes processos.
Douglas Silva conversou com a revista Caminhoneiro em nosso último papo de Caminhoneiros ao Redor do Mundo, e explicou como foi, para ele, o processo de conseguir a carta e se tornar motorista de caminhão.
Em seu relato, o primeiro passo descrito foi o empenho. “Estou disposto e quero tirar o mais rápido possível”, disse Douglas. O processo varia muito de cidade para outra, assim como de um país para outro, mas no caso de Douglas, que vive em Toronto, o processo, que levou aproximadamente 25 dias, foi da seguinte forma:
Primeira etapa: exame médico
Antes de iniciar os 25 dias seguidos de atividades, provas e constantes desafios, é realizado o exame médico para determinar se o motorista está apto a dirigir, considerando as condições físicas.
Visão, capacidade cognitiva, coordenação motora etc, são detalhes avaliados e considerados pois, assim que aprovado no exame médico, o condutor pode voltar para a escola, apresentar a aprovação e iniciar as aulas.
Início das aulas
Com o exame devidamente apresentado, é hora de começar as aulas teóricas. Essa fase, que dura aproximadamente uma semana, conta com a aplicação diárias de aulas teóricas, que acontecem todos os dias das 8 às 17h.
O fim das aulas práticas é acompanhado de um outro curso, que ensina sobre as funcionalidades e cuidados do freio a ar (o Air Brake System). Isso porque, o sistema de frenagem depende de certo conhecimento sobre sua funcionalidade.
Ao concluir, durante o fim de semana, no domingo, são passadas duas provas, prática e teórica, para saber se o condutor está apto a conduzir um veículo com esse sistema de freio.
Para concluir essa etapa é preciso homologar o certificado, o que leva mais alguns dias, mas que, depois, inicia a segunda etapa das aulas.
Começam as aulas práticas
Dando início às práticas, para que o aluno seja aprovado são realizados 4 testes, ao longo das próprias dinâmicas práticas. Basicamente, as avaliações consistem em:
Parte 1:
Na primeira etapa é realizado o teste considerado o mais difícil e, segundo Douglas, também, o que mais costuma reprovar candidatos.
A manobra consiste em estacionar o caminhão em uma vaga, de modo que fique parado formando um “L” com a carreta em relação à cabine.
Parte 2:
Depois da primeira etapa, a segunda, chamada de “Coupling and the uncoupling” - que em tradução livre diz respectivamente ao ato de acoplar e desacoplar - é o teste para avaliar a habilidade do condutor em manusear a cabine e a carreta.
Sua realização é feita junto com um aplicador na cabine, que ao longo das provas, tanto desta etapa quanto as demais, realiza perguntas técnicas sobre o caminhão.
Parte 3:
Seguindo para a parte 3, é a hora da inspeção! Nesta etapa é preciso verificar se todos os componentes do caminhão estão de acordo para que o motorista possa ou não seguir viagem.
Essa vistoria precisa ser feita diariamente, e cada ponto apresentado possui um nível de tolerância. Se for um defeito mínimo, é possível seguir viagem, porém, se for grave, o caminhão pode ir para a rua até que esteja novamente de acordo.
Parte 4:
Por fim, a última parte, - e também considerada a mais tranquila -, é a etapa “drive”. Depois de passar por todas as 3 etapas sem ter sido reprovado em nenhuma, o aplicador fica ao lado, na cabine, enquanto o motorista dirige seguindo as devidas orientações.
Após a conclusão de todas essas etapas, o aspirante a caminhoneiro pode enfim se tornar motorista, saindo com sua permissão para trabalhar já no dia seguinte.
Na época em que realizou o procedimento, aproximadamente em 2020, o valor referente a toda essa autorização ficou em torno de $ 5.000 dólares, algo que, convertendo para o valor em real, hoje, está em torno de R$ 23.000.
Vale destacar que ao longo do processo, caso fosse reprovado em alguma das etapas o aluno precisava refazer todo o curso desde o começo, e embora não precisasse pagar o valor integral outra vez, havia uma taxa para a refação.
Foto: divulgação