“Este trem, mesmo com atraso, é melhor”, diz Odemir Pereira sobre o Rodotrilho em 1993, quando a revista Caminhoneiro trouxe, em março, sua edição n°79 chamada “Bom para o corpo e para a máquina”
Dadas as mudanças que acontecem com o passar do tempo, analisar a história todo registro possível de épocas distantes serve como demonstração para percebermos como as coisas mudam.
E a revista Caminhoneiro, que ao longo dos seus 37 anos sempre trouxe novidades, com certeza essas 4 décadas estão cheias de memórias e fatos interessantes.
Hoje trouxemos uma matéria chamada “Bom para o corpo e máquina”, publicada em 93. Nela, foi narrada a forma como mais de mil caminhões haviam sido transportados por vagões da Rede Ferroviária Federal, no trecho SP/Rio/SP.
O trem partia de Arará, no Rio, diariamente às 20h e, simultaneamente, de Pari, em São Paulo, e possuíam apenas o horário certe de saída, mas não de chegada ao destino.
Na época, o serviço era utilizado com a explicação de que trocar o asfalto pelos trilhos era uma grande economia, tanto para o caminhão, que não se via, quanto para o motorista que ia descansando em seu vagão-leito com poltrona.
Os motoristas utilizavam a alternativa e viam como uma oportunidade para descansar, comer um lanche e poupar diesel e combustível. Além disso, a economia era considerável para alguns, tendo em mente a possibilidade de poupar não só combustível, como pneus e peças do caminhão também.
Sem contar que ao percorrer o caminho no trem os motoristas evitavam os perigos da Dutra, que em seu início já foi apelidada de “Rodovia da Morte”.
Se por um lado os viajantes podiam descansar e aproveitar a viagem no conforto de suas poltronas, a matéria destaca também alguns aspectos negativos.
A questão é que na época, alguns caminhoneiros relataram atrasos na chegada do trem. Para o transporte de cargas realizado com horários rigidamente determinados podia ser algo bem prejudicial. Outro detalhe destacado na matéria foi a queixa de alguns motoristas sobre pedras que eram arremessadas nos caminhões.
Fora isso, outra coisa que fica evidente na matéria é o fato de não compensar a viagem. Colocando na ponta do lápis, o valor do diesel em comparação ao frete, a passagem de trem saia mais cara para o motorista.
A título de curiosidade, os preços de frete variam entre um modelo de veículo e outro. A moeda em circulação na época era o Cruzeiro Real Cr$.
Para os fretes, o transporte de uma carreta carregada custava cerca de 3.400.000 Cruzeiros, enquanto uma carreta vazia custava 2.000.000 Cruzeiros. Para transportar o Truck carregado o valor era 1.800.000, e o truck vazio, cerca de 1.000.000.
O frete também era variado de acordo com o tipo de carga transportada. Os caminhoneiros podiam levar carga seca, mas também tinham autorização para transportar cargas perigosas, de modo que o valor do frete recebesse certa correção de acordo com o “risco”.
Não existia parcelamento para este serviço, por isso o pagamento podia ser feito à vista, em dinheiro, ou por meio de cheques. Para as viagens não existia nenhum tipo de restrição de peso ou tamanho, somente a altura de 3,10 metros do caminhão precisava ser respeitada.
Foto: arquivo RC
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