O Brasil pode sentir os amargos efeitos do conflito da invasão da Ucrânia por tropas da Rússia por intermédio de pelo menos três setores: combustíveis, alimentos e câmbio. Em relação aos combustíveis, a disparada na cotação do petróleo, no mercado internacional, estimulará um novo aumento do preço no Brasil, elevando a pressão por reajuste.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os valores médios de diesel e gasolina da Petrobras nas refinarias atingiram 25% de defasagem ante a paridade de importação, um nível não visto há cerca de 10 anos. O chamado preço de paridade de importação (PPI) é o custo do produto importado trazido ao país. Já a União Nacional da Bioenergia aponta que esta defasagem pode estar em 27%.
De acordo com especialistas econômicos, a Petrobras terá que repassar o preço para o consumidor, caso contrário as refinarias brasileiras não conseguirão dar conta do volume que se consume de gasolina e de diesel no país. Sendo assim, precisaria de outras companhias importando o petróleo. Mas, se a Petrobras fica com esse preço abaixo do valor de mercado, esses outros importadores não conseguirão competir e isso gera escassez de gasolina e diesel, o que pressiona ainda o mais o preço para cima, gerando um ciclo vicioso difícil de preservar por muito tempo.
Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, seria necessário um reajuste de R$ 1,11 no litro do diesel e de R$ 0,87 na gasolina. "Há uma pressão altíssima com o cenário de guerra. O déficit será maior e haverá pressão para elevar os preços dos combustíveis aqui", afirmou Araujo
Por enquanto, a Petrobras recorre aos estoques comprados há cerca de dois meses, a preços mais baixos. O risco é que a reserva acabe e o abastecimento interno seja afetado. O tema é avaliado pela direção da empresa, que está se reunindo para acompanhar de perto as oscilações do petróleo e tentar definir o próximo passo.
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