Entrevistamos Donizeti Camargo, cantor famoso de ‘Galopeeeeeeeeeira’ que virou caminhoneiro para poder pagar as contas
Revista Caminhoneiro – Você é natural de que lugar?
Donizeti Camargo – Eu nasci no interior de São Paulo, em uma cidade chamada Conchas. Hoje, resido nessa cidade e também tenho uma residência em Piracicaba (SP).
Revista Caminhoneiro – Donizeti teve influência de alguém na sua família para ser cantor?
Donizeti Camargo – Sim. O meu pai que é conhecido como Bill Violeiro. Tenho sete irmãos e eu sou o mais velho. A minha história musical iniciou com o meu avô, Osvaldo, que era cururueiro. O Cururu é sobretudo, um Canto de Repente, de modo que as letras, a melodia e a música são feitas com total improviso. Na minha infância tive a influência dos dois e comecei, aos seis anos, ir cantar em bailes da região com o meu pai. Nós fazíamos uma dupla. Em 1979, eu tive um convite para fazer um teste em uma gravadora. Nesse teste eu passei e de lá pra cá nunca mais parei.
Revista Caminhoneiro – Fale-me um pouco do seu portfólio musical?
Donizeti Camargo – Tenho um total de mais de 40 anos de carreira, cerca de 30 discos gravados, entre o Brasil e o exterior. Eu gravei no México, Estados Unidos, Portugal, entre outros países. Fui apresentador de programa de TV, trabalhei como radialista, fiz muitas coisas voltadas realmente à música.
Revista Caminhoneiro – Qual é o seu gênero musical que sobressai?
Donizeti Camargo – Grazi, o meu forte é o sertanejo mais raiz. Apesar que nos meus shows eu procuro conciliar algumas canções mais atuais no repertório.
Revista Caminhoneiro – Pode citar alguns dos seus maiores sucessos?
Donizeti Camargo – O grande sucesso foi a música “Galopeira”, que me deu disco de ouro, enfim vendeu muito disco, sobretudo, na década de 1980. Depois eu tive outros discos que aconteceram como “Canarinho Dobrador” que me fez vencedor de um festival internacional da canção, no México, concorrendo com 19 países participantes e eu fui a melhor voz infantil da América Latina. Na minha fase mais adulta a música “Onde Andará” foi e é um sucesso até hoje. Enfim, tenho muitos sucessos...
Revista Caminhoneiro – Como se tornou caminhoneiro?
Donizeti Camargo – Em 2020 eu tinha, até o mês de junho, trinta shows fechados, fora os shows pequenos em bares e restaurantes. A pandemia
parou tudo e a classe artística foi a primeira a sentir o impacto. Comigo não foi diferente. Todo final de semana fazia de dois a três shows em casas noturnas, rodeios e festas de cidades. Não esqueço o 11 de março de 2020 em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia. Meu aniversário foi no dia 12. Eu tive que me reinventar para sustentar a família; o mesmo ocorreu com os músicos e técnicos da banda. Os shows pararam, mas as contas não pararam. Meu irmão, que trabalha com transporte, me indicou uma vaga de trabalho no ramo e comecei a trabalhar como caminhoneiro em setembro do ano passado, porque precisava pagar as contas. A empresa presta serviços à prefeitura de Piracicaba. No início, o meu irmão caçula ficou com receio de perguntar para mim, se eu aceitaria trabalhar dirigindo caminhão.
Revista Caminhoneiro – Como é o seu novo dia a dia?
Donizeti Camargo – Eu dirijo o caminhão e faço o transporte das equipes do setor ambiental da Prefeitura de Piracicaba. Eu acordo diariamente às 4h30 e sigo todas as medidas de segurança no trabalho para não se contaminar com o vírus, como uso de máscaras, álcool em gel, faço higienização no caminhão e não fico com muita aglomeração de pessoas.
Revista Caminhoneiro – O que acha da experiência de ser caminhoneiro?
Donizeti Camargo – Eu gosto muito, porque sempre viajei, sempre fui estradeiro fazendo shows pelo Brasil afora. Isso não é problema. A única coisa diferente é a rotina de trabalho. Na música a vida é mais noturna, já nessa profissão, que estou exercendo, eu tenho que levantar muito cedo. Durmo cedo e acordo cedo! Graças a Deus foi muito tranquilo abraçá-la. Essa é uma profissão honrosa, tenho muito orgulho. O meu pai, hoje aposentado, e alguns dos meus irmãos também já foram caminhoneiros. Tenho diesel no meu DNA.
Revista Caminhoneiro – Quantos aos shows?
Donizeti Camargo – Estou aguardando e esperando que as coisas voltem ao normal. Minha esperança é que todos estejam vacinados e os eventos retornem.
Revista Caminhoneiro – Envie um recado para os nossos seguidores?
Donizeti Camargo – Meus amigos caminhoneiros e caminhoneiras, hoje têm muitas mulheres que estão nas boleias, que Deus abençoe todos vocês livrando do mal e dos perigos de acidentes e assaltos. Livrai das coisas ruins que existem nas estradas. Além de levarem o pão de cada dia às suas famílias, desejo que tenham saúde e, claro, cuidado e responsabilidade porque a gente sabe que no volante o perigo é constante. Outro pedido que faço é que me sigam no meu Instagram (@cantordonizeti) e no Facebook Donizeti Camargo (Cantor Donizeti Oficial).
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