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Futuro sustentável: empresas focam na descarbonização

Por André de Angelo em 12/11/2022 às 09:45
Futuro sustentável: empresas focam na descarbonização

“Sou totalmente a favor da troca do diesel por um combustível que polua menos o ambiente”. Nos primeiros passos em direção a descarbonização, empresas focam em reduzir poluentes enquanto olham para um futuro “zero emissões”

A sustentabilidade que sempre foi um assunto muito discutido agora é uma realidade cada vez mais próxima e necessária. Dando os primeiros passos nessa direção, enquanto a tecnologia olha para o futuro do transporte rodoviário com foco na descarbonização, atualmente nos encontramos em um período de transição.

Por isso, falar sobre mobilidade sustentável hoje é crucial, mas até que toda a frota de caminhões utilize combustíveis 100% não poluentes, além de alguns anos é preciso introduzir de maneira massiva as alternativas já existentes.

Com os esforços do mercado voltados para o desenvolvimento de formas para reduzir a emissão de poluentes até que meios totalmente limpos sejam mais viáveis, podemos notar altas taxas de emissões provenientes da própria queima de combustão regulada de forma errada.

Contudo, como forma inicial de diminuir os impactos ao meio ambiente, componentes como filtros no escape ou similares podem ser responsáveis por reduzir em pequena escala a emissão de gases liberados pelo caminhão. À primeira vista o número pode parecer pouco expressivo, mas não é quando somado a um grande volume de veículos trabalhando da mesma maneira.

Como uma escada, para atingir o topo é preciso subir um degrau de cada vez, e até o fim dessa escalada, quando pudermos falar sobre uma frota inteira de caminhões não poluentes, novas formas para reduzir as emissões deverão ser adotadas pouco a pouco.

Embora essa seja uma questão levantada e estudada pelas empresas, uma dúvida que fica é: qual a opinião dos caminhoneiros e caminhoneiras a respeito desse tema? Como um assunto novo, muitas dúvidas surgem, mas como um dos potenciais consumidores finais vê essa informação chegando até ele?

“Sei que cada um tem um tipo de benefício e tem um custo elevado ainda. As empresas estão investindo nessa tecnologia, mas falta o governo incentivar mais o uso desses tipos de combustíveis no transporte rodoviário”, disse Ednei Costa, motorista de carreta com 22 anos de experiência na área.

Não apenas nesta, mas em outras oportunidades, pudemos nos deparar com situações em que as informações sobre a descarbonização e seu processo necessário trouxeram naõ apenas um, mas vários pontos de interrogação; o que é? Como funciona? Por que ainda não chegamos lá?

Para entender isso precisamos conhecer um pouco sobre alguns desses métodos usados tanto atualmente quanto no futuro que irão poluir cada vez menos até o destino final, ou seja, toda a frota composta por caminhões não poluentes.

Caminhões elétricos

Este também é um dos maiores assuntos do momento! Imaginar um cenário com todos os caminhões 100% elétricos é uma das imagens que devemos ter para o fim dessa jornada zero emissões. Por não depender do diesel para funcionar, o caminhão elétrico possui baterias recarregáveis que geram a força necessária ao motor.

Em alguns países os modelos já são usados para o transporte de cargas e há diversas montadoras focando parte do seu time de engenheiros para desenvolver novos modelos. Todavia nosso foco aqui é o Brasil, e não podemos deixar de lado a estrutura, pois é um ponto extremamente relevante na discussão.

O conceito é simples: atualmente a frota é composta por caminhões movidos à diesel, que é encontrado em postos de combustíveis espalhados em todas as regiões do Brasil. Embora o caminhão elétrico não utilize combustíveis, em algum momento precisará recarregar a bateria, e para isso precisarão existir postos espalhados em locais estratégicos para que viagens longas possam ser feitas.

Quando pensamos na estrutura com postos de recarga necessária para cobrir grandes viagens, essa é uma grande mudança que veremos acontecer apenas nos próximos anos, com influência de empresas, governo, investimentos e estudos que mostrem a viabilidade dessa estrutura.

Até lá, no Brasil já encontramos veículos 100% elétricos rodando, mas são usados para cobrir o trecho urbano em entregas feitas dentro da própria cidade para um centro de distribuição ou qualquer região próxima, permitindo que o modelo não se distancie muito da base.

Gás Natural (GNV)

O famoso GNV já dividiu opiniões relacionadas ao custo benefício, mas vem se mostra extremamente viável. Apesar de se tratar de um combustível também poluente, o GNV possui uma vantagem enorme em relação ao Diesel, reduzindo consideravelmente a emissão de gases.

Isso porque a queima do combustível é mais limpa, o que impacta significativamente o meio ambiente. Em relação ao caminhão elétrico há diferenças, mas a questão é que o GNV, diferente dos veículos elétricos, é algo para o presente.

Mesmo que não seja questão de toda a frota ser composta por caminhões a gás, pensando em uma redução de emissões até 2025 nos deparamos com um cenário positivo considerando que, em relação aos outros combustíveis, o gás polui cerca entre 50 e 70% menos.

Hidrogênio

Por ser uma fonte de combustível renovável e não poluente, o hidrogênio é considerado o combustível do futuro que trará benefícios à humanidade e contribuirá para a meta de zero emissões até 2050.

A ideia central é que os motores elétricos substituam os motores à combustão para evitar a poluição atmosférica no futuro. No entanto, nesse mesmo contexto existe a conscientização de que os combustíveis fósseis são limitados e não-renováveis, o que trouxe a necessidade de estudar novos combustíveis viáveis tanto para as empresas quanto pensando em zero emissões.

Ainda em desenvolvimento e fase de testes por muitas empresas, quando produzido de fontes e tecnologias renováveis, como hidráulica, solar ou eólica, o hidrogênio se torna um combustível renovável.

Ao que tudo indica, o hidrogênio terá papel importante não apenas como fonte de combustível não poluente para caminhões, como também deverá impactar diretamente a produção energética mundial dos próximos anos.

Biocombustível

Considerados importantes alternativas ecológicas, os biocombustíveis são fontes alternativas já existentes que tem como objetivo emitir menos gases nocivos. No caos de veículos leves, por exemplo, o etanol, fabricado a partir da cana-de-açúcar, é uma alternativa menos poluente que a gasolina.

Já para os motores grandes, como os caminhões, o biodiesel é renovável e produzido a partir de fontes vegetais e animais, podendo substituir total ou parcialmente o diesel que possui o petróleo como matéria-prima.

Para onde vamos?

Embora existam alternativas, o fato é que até o momento muitas discussões a respeito do assunto seguem sendo levantadas, e a principal delas é a rentabilidade. Isso porque, as fontes alternativas já existem, no entanto, os esforços das empresas agora buscam reduzir as emissões dos combustíveis já existentes enquanto o avanço tecnológico torna essa alternativa mais rentável.

De acordo com um estudo da consultoria McKinsey sobre o consumo de renováveis até 2050 aponta que o crescimento na parcela de combustíveis sustentáveis ??na demanda de energia do transporte pode chegar a 7% e 37%, dependendo dos níveis de ambição climática entre os países. 

Segundo o levantamento, o crescimento na demanda ??até 2035 será impulsionado principalmente pelo transporte rodoviário, atingindo 290 milhões de toneladas no cenário mais ambicioso.

Até lá, o transporte rodoviário passará por muitas mudanças, e como todo período de transição agora existem dúvidas entre a classe que, direta e indiretamente, também será afetada por essas mudanças - os caminhoneiros.

Há 22 anos como motorista, Ednei Costa já trabalhou como motorista de caminhão pequeno, ônibus e carreta. Agora somando mais de 8 anos seguidos no transporte rodoviário de cargas, o caminhoneiro costuma percorrer em média 3600 km transportando cargas de bobinas de papel e similares.


Ednei Costa

Quando perguntado sobre combustíveis sustentáveis, o caminhoneiro disse: “Para o caminhão praticamente não tem muito em funcionamento. Os combustíveis sustentáveis estão sendo mais investidos em automóveis, como o etanol. Existem algumas empresas no transporte que estão investindo nessa tecnologia, e em São Paulo já existem empresas ônibus que utilizam biodiesel e elétricos”.

“Acho que deveria ter um investimento maior, pois quanto mais combustível sustentável, maior a qualidade do ar. A natureza agradece! Sou totalmente a favor da troca do diesel por outro que polua menos o ambiente”, completou o motorista.

Ivone Martins trabalha com carreta há quase 14 anos e costuma rodar cerca de 88 a 10 mil quilômetros por mês, transportando cargas secas, MDF, bobinas, embalagens de papelão etc. Quando perguntada sobre caminhões elétricos: “Já vi alguns, mas tem poucos rodando por enquanto”.


Ivone Martins

“Sobre os veículos sustentáveis acho que vai demorar um tempo para que possam aderir, pois vai depender muito das empresas e do incentivo do governo”, afirmou a caminhoneira.

Salvador Fernandes é motorista há quase 10 anos e possui carteira na categoria “E” há 6. Rodando cerca de 500 quilômetros por dia, o combustível sustentável que mais conhece é o GNV.


Salvador Fernandes

“Eu já vi várias carretas usando gás. Como está tudo muito caro, hoje em dia o pouco que a gente consegue economizar fica muito mais fácil. Eu tenho gás no meu carro e não sinto tanta diferença, mas sobre o caminhão a gás eu nunca dirigi. Não sei se tem diferença, se é melhor, mas gostaria de ter a oportunidade de um dia trabalhar com um para ver, porque é mais barato e polui muito menos que o combustível normal”, conclui Fernandes.

O fato é que existem muitas dúvidas sobre o assunto que ainda não chegaram até os ouvidos de quem está na linha de frente, batendo lata no dia a dia e exercendo a profissão com coragem e compromisso. Nosso compromisso é, além de trazer informação, trazer à tona essas dúvidas e esclarecê-las o máximo possível.  

Foto: divulgação

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