A segunda história contada na edição n° 198 da revista Caminhoneiro é do Marcos Silveira, alguém que na época era tão fã do Fenemê quanto da revista Caminhoneiro.
Confira a matéria na íntegra:
Em Curitiba, chove com relativa frequência, para a felicidade de Marcos Silveira. É nesses dias que ele, homem de 37 anos, se transforma em um garoto de calças curtas, pois o barulho da chuva o faz entrar no túnel do tempo e recordar de quando dormia com o pai na boleia de um FNM, nas paradas das viagens que faziam pelo Brasil.
“Eu me lembro do barulhinho da chuva batendo na lata do FNM quando parávamos para descansar. Isso me dá uma saudade profunda. Me faz lembrar do meu pai, que muitas vezes insistia que eu dormisse na cama e ele sobre o volante”, conta emocionado o curitibano, pai de três filhos e um apaixonado admirador dos caminhões FNM. Afinal, seu pai teve três modelos diferentes.
Marcos segurando a edição 118 da revista Caminhoneiro, que tinha um Fenemê na capa
Até 1981, Marcos Silveira, então com quase 15 anos, já completava uma década de viagens com o pai a bordo de um D-11000, “aquele tinha uma bola vermelha na frente com as letras escritas”.
Quando o pai faleceu, a mãe precisou vender o caminhão, apesar do enorme desejo de Marcos para ficar com ele na garagem;
Desde então, a marca passou a ser sinônimo de paixão na sua vida. Marcos optou por não seguir a profissão do pai, mas começou a se interessar pela história do caminhão. Sabe tudo de trás para a frente, todos os detalhes de todos os modelos e características dos FNMs.
Parte do seu conhecimento vem de pesquisas e trocas de informações com outros apaixonados. Mas é nas conversas com caminhoneiros que ele obtém dados bem relevantes.
Hoje, Marcos trabalha numa indústria de embalagens de papel em Curitiba. Contudo, como mora perto da BR-116, sempre arruma um tempinho para papos com estradeiros ao volante de modelos da marca.
“Eu sei que em São Paulo, Rio e Minas é difícil ver um FNM, mas aqui no Paraná até que se vê bastabte”, explica. Quando vejo um FNM parado, vou lá, converso com o motorista, quero saber a história do caminhão. E, lógico, tiro fotos”, completa.
Isso ele faz em Curitiba ou quando está viajando com a família, sempre sem se esquecer da máquina fotográfica. Conta que algumas vezes já encontrou o mesmo caminhão em situações e regiões diferentes.
“É bem legal, porque eu reconheço o FNM. Uns estão mais acabadinhos. Outros têm algum acessório novo e diferente da época em que o vi pela primeira vez”, diverte-se.
No acervo de Marcos Silveira, há mais de trezentas fotos, que bateu ou ganhou dos amigos, além de recortes de revistas e jornais. Ele tem “amigos do FNM” espalhados por vários lugares do Brasil.
Sua coleção é o hobby preferido, e até os filhos já curtem a ideia: “Meu mais velho, de 16 anos, me ajuda a tirar as fotos, e os pequenos, gêmeos de 6 anos, gostam de cuidar da arrumação delas”.
A paixão é tanta que Marcos nem se incomoda com as brincadeiras dos colegas de trabalho que não entendem o porquê de ele gostar tanto de “um caminhão tão velho”.
Com tanta informação e conhecimento da causa, Marcos não demonstra dúvidas quanto ao fim da era FNM. “De 1980 a 1985, a cara era FNM, mas as plaquetinhas já eram Fiat.
Isso não deveria ter acontecido. A Fiat não deveria ter terminado o nome FNM. Constumo dizer que todos os Ovecos que vemos por aí são bisnetos do FNM, um patriarca que fez mais do que história pra mim, fez parte da minha vida e da de muitos outros brasileiros também”, arremata.
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!