Mais de 60% das rodovias brasileiras estão em condições inadequadas para circulação, de acordo com um levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) nesta quinta-feira, dia 2. Desse grupo, mais de 90% são rodovias públicas, entre federais e estaduais. O estudo analisou 109 mil quilômetros da malha em todo o país.
“Os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2021 mostram um cenário de preocupante queda da qualidade das rodovias brasileiras, questão que precisa ser enfrentada com grande rapidez e assertividade. A forte retomada de investimentos é urgente e necessária para prover ao país uma malha rodoviária mais moderna e eficiente, condição indispensável para a promoção do desenvolvimento. E, nesse sentido, a análise técnica da CNT nesta Pesquisa é um importante instrumento para fomentar as melhores soluções”, ressalta o presidente da CNT, Vander Costa.
Segundo a CNT, os custos operacionais para os usuários em rodovias públicas aumentam mais de 35% em razão de fatores como sinalizações ruins e baixa qualidade de pavimentação. Entre as rodovias concedidas à iniciativa privada, por sua vez, o aumento médio é de apenas 16%.
O alto custo para os transportadores reduz a rentabilidade das empresas, o que pode representar um desincentivo para a realização da atividade. Esse aumento ainda pode ser repassado para o preço das cargas e da movimentação de passageiros, o que resultaria num custo maior tanto para as empresas quanto para as famílias. Isso prejudicaria todos os brasileiros.
As rodovias federais pavimentadas estão distribuídas nas grandes regiões do país segundo sua extensão. Concentram-se, assim, cerca de 68% da extensão nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Os restantes 32% da malha federal localizam-se nas regiões Norte e Centro-Oeste.
“Os resultados negativos nas avaliações indicadas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, decorrem de deficiências no planejamento, na execução e na manutenção das rodovias”, revela o estudo.
Na comparação com a edição anterior da Pesquisa, chama a atenção o percentual de trechos sob gestão pública. O Estado Geral na classificação Ótimo e Bom caiu de 32,5%, em 2019, para 28,2%, em 2021. O mesmo ocorre na classificação negativa: a extensão avaliada como Regular, Ruim e Péssimo aumentou de 67,5%, em 2019, para 71,8% em 2021, ou seja, são mais 2.773 km de rodovias que estão em condições insatisfatórias de circulação. Na prática, é como se o motorista percorresse seis vezes, nessas más condições, o trecho do Rio de Janeiro a São Paulo. A condição de sinalização é outro agravante. Nesse quesito, os problemas nas rodovias públicas aumentaram 12,1 pontos percentuais nos últimos dois anos e passaram de 56,4% para 68,5%.
Fonte: Levantamento da CNT