Os caminhões clássicos não são apenas veículos, são testemunhas da evolução da Indústria de transporte.
Ao longo das décadas, esses ícones rodaram pelas estradas, impulsionaram a economia e se tornaram símbolos de inovação e qualidade. Nesta matéria, exploraremos os caminhões clássicos mais icônicos das montadoras e como eles contribuiram para a evolução da indústria de transporte. Além disso, destacaremos as características que tornaram esses caminhões tão importantes historicamente.
Mercedes-Benz
A montadora Mercedes-Benz sempre esteve na vanguarda da indústria de transporte, lançando modelos que redefiniram os padrões de desempenho, eficiência e segurança. Um marco crucial nesse legado é o caminhão Mercedes-Benz L 312, carinhosamente apelidado de "Torpedo", que foi o primeiro caminhão fabricado no Brasil, em 1956. Esse pioneiro abriu caminho para uma série de inovações que impactaram profundamente o setor.
Ao longo dos anos, a Mercedes-Benz introduziu uma série de inovações que moldaram a indústria de transporte: diesel e eficiência (o caminhão Mercedes-Benz foi o primeiro a ser movido a diesel no Brasil, um conceito trazido pela própria marca. Essa mudança revolucionou a eficiência dos veículos, economizando combustível e tornando o transporte de cargas mais sustentável); motor com gerenciamento eletrônico (em 1998, a montadora introduziu o motor com gerenciamento eletrônico, um marco que aprimorou o desempenho e a confiabilidade dos caminhões. Essa tecnologia também estabeleceu novos padrões de eficiência operacional).
Os modelos L 1111 e L 1113, das décadas de 1960 e 1970, conquistaram os corações dos transportadores brasileiros, tornando-se os caminhões mais vendidos do país com um total impressionante de 240.000 unidades vendidas. Eles definiram uma era e contribuíram significativamente para o desenvolvimento da indústria.
O L 608 D, lançado em 1972, trouxe a inovação do primeiro caminhão leve a diesel do Brasil, conhecido como "Mercedinho". Essa novidade expandiu as possibilidades de transporte leve e eficiente.
A Mercedes-Benz sempre priorizou a segurança. A marca foi pioneira na introdução de freios ABS em 1981, seguido pelo exclusivo freio-motor auxiliar Top Brake em 1993 e freios a disco em 1998. A segurança continua sendo um traço distintivo dos veículos da marca.
Volkswagen
Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus tem como destaque o 18.310 Titan Tractor que inaugurou uma nova fase nas famílias de caminhões no país. “Foi o cavalo mecânico que nos colocou como uma ótima opção para o segmento de entrada neste setor tão competitivo, tivemos um excelente volume de caminhões vendidos durante o ciclo de vida deste produto. Com o Titan, alcançamos um reconhecimento no mercado que se seguiu com outros modelos que marcam sua época, como o Constellation 24.250, o lançamento do Meteor e o pioneirismo com o e-Delivery”, diz Paulo Razori, supervisor de Marketing de Produto da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Paulo Razori continua: o Titan ofereceu uma opção de entrada no mercado de extrapesados e também o slogan “mais você não quer, menos você não precisa”, que caiu como uma luva neste segmento. O modelo inaugurou um novo nicho: o de cavalos com capacidade para tracionar 28 toneladas de carga líquida e potência de até 350 cavalos. Não existia caminhões com esse perfil e atributos de conforto como ar-condicionado e suspensão pneumática de série entre outros, o veículo se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas, com mais de 15 mil unidades vendidas.
Volvo
O caminhão da Volvo que maior impacto provocou no mercado brasileiro foi o modelo FH, introduzido no País em 1994. A vinda do FH12 em 1994 revelou não só a chegada de um motor totalmente eletrônico no mercado brasileiro de caminhões pesados, mas um novo conceito no segmento: o caminhão precisaria, a partir daquela data, ser moderno, eletrônico, seguro, avançado tecnologicamente e também arrojado e bonito.
As primeiras unidades do FH desembarcaram no Porto de Paranaguá (PR) em novembro de 1993, mas a Volvo já havia iniciado um trabalho de apresentação do novo veículo aos transportadores brasileiros. Fotos e dados técnicos do caminhão foram apresentados pela primeira vez para a rede de concessionários Volvo durante uma convenção nos Estados Unidos. Quando os diretores e engenheiros da Volvo mostraram imagens do veículo para os executivos da rede de distribuição o impacto foi grande e imediato.
O primeiro FH12 380 Globetrotter a ser vendido no Brasil foi para a XHP Transportes, empresa paulista que transportava frutas da Argentina para a Ceasa de São Paulo. O cliente não viu o caminhão. Comprou olhando somente a foto.
O FH12 380 Globetrotter trazido em 1994 pela Volvo do Brasil não inovou apenas em virtude do revolucionário motor eletrônico D12. Era também o caminhão mais moderno do mundo, resultado de US$ 1 bilhão em investimentos, os maiores já realizados até então por uma fabricante de veículos comerciais. O caminhão tinha cabine estampada em aço de alta resistência, o HSS (High Strength Steel), uma inovação no setor de transporte de cargas. Alumínio e fibra de vidro também foram usados na fabricação de inúmeros componentes.
Com duas camas confortáveis em forma de beliche e altura interna de 1,95 metros, a cabine Globetrotter também inovou na aerodinâmica: com ângulos suaves, era o resultado de uma concepção que, desde o início, procurou reduzir ao mínimo a resistência ao ar. Esta redução contribuiu acentuadamente para baixar consumo de combustível e elevar a velocidade média.
A suspensão da cabine proporcionava excelente amortecimento em pisos irregulares, pois era formada de câmaras pneumáticas com amortecedores de duplo efeito. O painel era de forma côncava, envolvente, com instrumentos de fácil leitura. Todas as exigências das mais rigorosas normas de segurança foram avaliadas em diferentes testes de impacto. Começava ali uma nova era em termos de segurança veicular.
Quatro anos depois de o primeiro FH importado ter chegado ao Brasil a Volvo iniciou a produção do veículo em sua fábrica de Curitiba (PR). A versão nacional de 1998 era exatamente igual ao seu congênere sueco, o que representou fabricar no Brasil um caminhão com a mesma qualidade e tecnologia exigida nos mercados mais exigentes da Europa.
A Volvo entendia que os motoristas precisavam de um caminhão mais confortável e seguro. O FH trazia estes atributos e estava muito além em termos de tecnologia do que se produzia no Brasil. Era o único caminhão comercializado no País que já saía de fábrica com a opção de ser equipado com air bag, então uma novidade até em automóveis. O transportador necessitava de um caminhão que fosse mais produtivo e que consumisse menos combustível. O FH se notabilizou e foi reconhecido pelo mercado como um caminhão robusto, com grande disponibilidade e alta tecnologia, e também pelo seu baixo consumo de combustível. O FH foi um divisor de águas no setor de transporte. Seu sucesso permanece. É o caminhão mais vendido Brasil entre todas as classes.
Scania
O popular “Jacaré” é um dos ícones da Scania. Contudo, em termos de sucesso comercial, uma das gamas mais marcantes, que vendeu muito no Brasil, foi a Série 3, que ficou no mercado de 1991 a 1998. A Série 3 chegou para revolucionar o mercado. Com novos motores, uma nova caixa de mudanças e mais um amplo conjunto de inovações tecnológicas. As potências iam até 450 cv, a maior do mercado à época. Os veículos eram divididos em T e R 113 e 143 H e E, nas configurações 4x2, 6x4 e T 113 HK 6x6.
Os caminhões possuíam mais torque e mais potência máxima, ao mesmo tempo em que os índices de emissões e consumo de combustível foram diminuídos. Permitiam viagens a uma velocidade média mais alta, com menos trocas de marchas, menos consumo e um custo operacional menor. Fator que os destacou entre os caminhões nacionais da época. Sempre foi reconhecido como um caminhão forte e de fácil e baixa manutenção. A série trouxe novas cores: branco, vermelho, verde e vinho. E novas faixas decorativas. Em 1993, sai da linha de montagem, em 26 de março, o caminhão número 100 mil produzido no Brasil, um R 113 H 360. O T 113 H 4x2 foi eleito por três vezes consecutiva o “Caminhão do Ano”. O T 113 H 4X2 360 foi a versão de maior sucesso. Vendeu 19.314 unidades. Em todas as suas versões, o T 113 vendeu 26.398 unidades. Ele foi até 2017, o veículo mais vendido da história da Scania no Brasil, até o R 440 ultrapassá-lo. Vale a pena ressaltar que a Série 3, da qual o T 113 fez parte, comercializou um total de 36.340 mil unidades levando em conta todas as versões que a compuseram. Ele sempre é lembrado entre as listas dos caminhões mais emblemáticos da história do Brasil. Não fica de fora de uma lista dos 10 melhores.
O 113 é tão importante para a marca que foi ele o escolhido para ser homenageado nos 60 anos da empresa no Brasil, celebrados no dia 2 de julho de 2017. A edição especial lançada homenageou o lendário Scania 113, lançado em 1991, e um dos caminhões mais famosos das estradas.
Para representar o 113 foram escolhidos os modelos R 440 e R 480, de versões Highline Streamline. Ambos foram vendidos na cor azul clássica do 113, e também levaram as icônicas faixas laterais nas cores rosa, lilás e roxa, e adesivos comemorativos dos 60 anos e do Scania 113.
A Edição Especial 60 anos teve um vídeo promocional divulgado nas mídias sociais justamente no dia 11/3. Março foi escolhido para também homenagear o 113, fazendo uma analogia com os números. Foi o marco zero do lançamento da edição especial.
O T 113 H 4X2 360, perdeu o posto de caminhão mais comercializado da marca. Quem roubou este título foi o R 440, justamente o modelo que tirou seu título de campeão de vendas histórico. O pesado R 440, que já fazia parte do seleto grupo de caminhões mais vendidos da Scania, superou o T 113, no topo da lista, em outubro de 2017. Lançado em janeiro de 2012, para inaugurar a nova era de motores Euro 5, o modelo colecionou feitos impressionantes em termos de vendas.
Iveco
Os veículos Iveco também ajudaram na evolução do transporte. Segundo Marcus Souza, diretor de Marketing e Portfólio de Produtos da Iveco para a América Latina, o produto mais icônico da Iveco é a Daily, que começou a ser fabricada em 1978, na Europa. A produção nacional teve início em 2000. Líder de mercado no segmento chassi-cabine, e com versões furgão, o modelo atua no mercado de 3,5 toneladas a 7 toneladas e se destaca pela robustez do conjunto e pela versatilidade.
“A Daily contribui para a evolução do transporte com uma linha de produtos que atendem às necessidades dos clientes de diferentes segmentos com tecnologia, economia de combustível e inovação. Nesse sentido, apresentamos na Fenatran de 2022 as versões Elétrica e com transmissão automática que, em breve, farão parte do portfólio da Iveco no Brasil”, diz Marcus Souza.
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