COM CERTEZA DE GENTE GRANDE, A PEQUENA CAMILLI JÁ SABIA QUE O PAI, ELIARDO LOCATELLI, SERIA O CAMPEÃO DA SEXTA EDIÇÃO DO SCANIA DRIVER COMPETITIONS.
Mais de 42 mil motoristas se inscreveram para participar dessa competição que este ano apresentou duas grandes novidades: passou a ser latino-americana, com competidores da Argentina (7.826), Chile (3.163), Peru (2.729) e Brasil (42.516), e a oferecer um caminhão Scania R 440, zero km, ao vencedor.
Mas o caminho para o caminhão não é nada fácil. Para chegar entre os três selecionados do Brasil, que disputarão com três argentinos, três chilenos e três peruanos, os brasileiros passaram por uma peneira que separou 60 motoristas, na qual os participantes passaram por provas teóricas, com questões sobre legislação, meio ambiente e condução eficaz, além de provas práticas, que testaram sua destreza e seu controle emocional, sobrando apenas 27.
Estes classificados disputaram a final nacional, com novas provas de manobras, em que precisaram mostrar toda a habilidade ao volante e ainda correr contra o tempo. Cada eliminatória contou com três motoristas, e apenas um vencedor. Dos 27, restaram nove, que na sequência fizeram nova rodada em trios. Os três melhores se enfrentaram na final, na prova do Rei, em que precisavam derrubar quatro pinos vermelhos com a roda do caminhão, entre dois azuis e em quatro locais diferentes, no menor tempo possível.
Depois dessa maratona, sobraram Eliardo Locatelli, como melhor motorista de caminhão do Brasil, Ruy Hermes Gobbi, segundo colocado e Luis Carlos dos Santos em terceiro.
MAIOR GANHO
“O nosso maior ganho é saber que milhares de profissionais qualificados e treinados pelo Scania Driver Competitions estão contribuindo para a segurança nas estradas e na construção de um setor de transporte mais sustentável e eficiente”, afirma Roberto Barral, diretor Geral da Scania no Brasil. “Sabemos que o dia a dia do caminhoneiro é cheio de desafios. Por isso, sempre estaremos próximos deles. Nós entendemos que para mudar esta dura realidade é preciso ter uma valorização profissional merecida, e que todos os setores reconheçam a importância do motorista de caminhão para o avanço do setor de transporte e a economia do País. Afinal, estamos falando de profissionais que transportam cerca de 60% das riquezas da nossa nação.”
Mas vencer, nessa competição, não significa necessariamente ganhar o caminhão. “Era meu sonho participar desse concurso”, diz Wendel Marques, de 25 anos e apenas 1,5 de profissão e que não conseguiu ficar entre os 27 finalistas. “Levo a experiência diferente, estar junto com os caminhoneiros e só de estar aqui na final é muito bom, já é uma vitória. A minha empresa me deu total apoio para participar e é um aprendizado vou levar para a estrada. Vivendo e a prendendo”.
Ao seu lado, orgulhosa e sorridente, Natanielle, a esposa era só elogios para o marido. “Ele ama o que faz, então incentivei muito e participar do concurso foi um sonho para ele”, diz abraçando o marido. “Para mim, superar 42 mil inscritos, chegar entre os 60 com menos de dois anos de profissão é fantástico. Ele é um campeão sim”.
Gobbi, Locatelli e Santos sabem a importância de estarem sempre se atualizando. A estrada não perdoa erros.
NA HORA DA DECISÃO
Locatelli, Gobbi e Santos mais que competidores eram amigos, e com brincadeiras entre eles, tentavam aliviar a tensão. “A prova mais difícil é a que você tem que entrar na garagem, passando por dois tambores muito apertados”, explicou Locatelli sobre sua classificação. “Quando entrei no caminhão, passa uma história na minha cabeça. É a paixão da minha vida”. Para vencer, segundo ele, a tática é sentar atrás do volante, pensar que vai fazer a mesma coisa que faz no dia a dia e não dar atenção para a galera.
Hermes Gobbi contou que no dia anterior foi bem, mas à noite, refletiu sobre o que poderia melhorar e decidiu que os erros ficaram no dia anterior. “É uma satisfação muito grande poder proporcionar isso para quem sempre acreditou em mim, minha família, meus amigos, meus colegas de estradas, os transportadores para quem eu trabalho e sempre estiveram do meu lado”, explicou Gobbi. “O treinamento que a Scania nos proporciona não é específico para competição. O que acontece na competição são coisas que acontecem no dia a dia. Temos que conhecer nossa legislação, o chek list. O que a gente faz aqui é aproveitar o que aprendemos no treinamento”. Sério, Gobbi, ou “Minhoca” para os mais chegados, diz: o que eu queria ganhar, já ganhei, que era o curso Master Drive. Quanto ao caminhão, são excelentes profissionais que estão na disputa, mas quem decidirá é “Aquele lá de cima”.
Luiz Carlos dos Santos agradeceu a Deus pela oportunidade, à família, à esposa e à Scania. “Pensava em abandonar a profissão, mas veio esse evento valorizando a categoria e mudou meu pensamento”, disse Santos. “Não pensava em chegar entre os três, mas é uma honra, para mim, o terceiro lugar é uma grande vitória. Estou feliz em poder falar para os motoristas que é preciso se atualizar, procurar conhecimento, estudar o Código de Trânsito. Agora é bola para frente, vou valorizar mais a minha profissão”.
Os três amigos dentro dos caminhões, a sirene dá o início para que eles façam as manobras e derrubem os pinos. A torcida é grande. De repente Locatelli encosta o para-lama dianteiro no pino vermelho, bandeira verde validando a prova. Buzina tocada e ele sai correndo comemorando. Enquanto ele comemora, Gobbi e Santos travam a luta pelo segundo lugar. Mesmo confundindo-se com a posição dos pinos, o Minhoca vence e fica em segundo. Santos desce do caminhão chateado por não vencer, mas com um enorme sorriso por ter tido a honra de estar entre os três primeiros. Abraçados e felizes, os três se dirigem à mesa para coletiva de imprensa e Locatelli fala: somos todos amigos e daqui pra frente vamos montar uma confraria para que esse caminhão fique aqui no Brasil, diz sorrindo.
Os três participarão da final, do Scania Driver Competitions que conta com o patrocínio da Rede Graal, Librelato e Ipiranga. Os parceiros são C&A, Cargill, Danone e Grupo Pão de Açúcar, além do Centronor, Fabet, NTC&Logística, Pamcary, Polícia Rodoviária Federal, Sest-Senat e WCF, como apoiadores, juntamente com os outros caminhoneiros da Argentina, do Chile e do Peru. Perguntado sobre o segredo para vencer, Locatelli respondeu: pois eu mereço e saiu para abraçar a Camilli, que cantou a bola antes de todo mundo.
Texto: Francisco Reis l Fotos: divulgação