Não é muito difícil encontrar um caminhoneiro que diz gostar de caminhões por um sonho de criança. Vamos conhecer a história de Felipe Rizzo, uma dessas pessoas realmente apaixonadas por caminhão
A vida nas estradas é emocionante, atrativa e apaixonante até mesmo para aqueles que ainda não vivem, mas já sonham em passar horas dentro da boleia atrás de aventuras.
Quando crianças é muito comum nos depararmos com uma vontade dentro de nós, motivada por estímulos externos e internos, que nos fazem dizer algo como: quando eu crescer quero ser “x” coisa!
Eletricista, bombeiro, jogador, caminhoneiro etc! Mesmo sem haver tanta relação entre as profissões descritas, geralmente o desejo surge da mesma forma. Às vezes muda, outras não, mas a questão é que existe um motivo para isso tudo.
Quando falamos em infância, algo que nos remete logo a esse período são os brinquedos e as brincadeiras. Meninos e meninas pulando corda, brincando de esconde-esconde ou jogados no chão com seus brinquedos.
Muitas vezes essa paixão pelas estradas pode começar ali! Naquele momento que uma criança, brincando com um pequeno modelo de caminhão, passa a se imaginar adulta, na estrada, dirigindo a versão original daquela representação em miniatura nas mãos.
A junção disso muitas vezes aliada à influência dos ofícios familiares podem ser fatores determinantes para uma paixão que pode acompanhar alguém por toda a vida.
Esse é o caso do Felipe Rizzo, de 33 anos. Felipe é de São Marcos (RS), e trabalha como representante comercial em uma empresa de peças e acessórios para caminhões.
Sua conexão com os caminhões começou bem cedo, muito similar ao cenário que acabamos de descrever. Filho de um mecânico e sobrinho de motoristas, o representante comercial afirma que crescer nesse ambiente foi um dos grandes motivos para ele se tornar um apaixonado por caminhões.
“Costumo dizer que nas minhas veias não corre sangue; corre óleo diesel”, afirma Felipe. Não fosse o suficiente todo esse incentivo ao redor, ao longo de sua história ocorreu um fato muito interessante, que sem ele saber na época, caminharia com ele por toda a sua vida.
Quando criança, Felipe viu seu tio chegando em um determinado dia com a notícia de que havia comprado um novo caminhão. Na época, o proprietário do veículo levava para casa uma miniatura do caminhão adquirido, peça essa que encantou os olhos do pequeno Felipe.
Após incontáveis promessas de seu tio de que um dia o garoto ganharia aquela miniatura, essa expectativa gerou dentro dele uma vontade enorme de ter aquele modelo.
E foi aí que tudo começou! A miniatura, no caso um Volvo NL vermelho, é o motivo para toda a coleção do Felipe ter começado. Se hoje sua prateleira conta com 208 miniaturas de caminhão, a primeira, aquela pela qual ele tanto esperou e sonhou ter, foi exatamente a que seu tio inflamou o desejo nele quando criança.
Após prometer muito e nunca dar de fato o modelo para ele, Felipe tomou uma decisão quando já era maior. Esperou, trabalhou e conquistou sua miniatura do Volvo NL vermelho. A partir dali foi só crescendo cada vez mais seu cuidado com a coleção - além da quantidade.
Se para muitos isso é um hobbie, outros podem estar neste exato momento se perguntando “mas o que são miniaturas de caminhão?”. Entusiastas no assunto costumam ter um olhar mais clínico para isso, mas para aqueles que ainda não entenderam, vamos explicar.
As miniaturas são réplicas, geralmente de metal, e são representações idênticas de modelos originais de caminhão. As peças costumam ser muito ricas em detalhes, e são encontradas geralmente em escala 1:50 - ou seja, são cinquenta vezes menores que o caminhão original.
Felipe afirma também que existe um significado, mas é preciso entender um pouco essa cultura para que ela tenha o real sentido.
“Para quem não as conhece, as miniaturas podem parecer apenas um brinquedo, um “caminhãozinho” em uma prateleira. Mas, para quem é apaixonado por caminhões, as miniaturas podem significar muito mais. Elas simbolizam essa paixão que levo comigo, representando, em seus detalhes, uma história de conexão e amor com a cultura caminhoneira”, declarou Felipe.
Existem outros motivos para essa paixão?
Não fosse um impulso suficiente ter seu desejo de criança negado, após ter conseguido seu primeiro modelo, Felipe percebeu que existia um sentimento forte por aquilo.
Tudo partiu do sonho de ter sua miniatura do Volvo NL vermelho, mas após conseguir, o rapaz passou a comprar vários modelos, até que sua coleção foi ficando cada vez maior.
Quanto à região em que nasceu, Felipe acredita ter contribuído muito para esse hobbie. Em São Marcos, cidade do Rio Grande do Sul, há uma tradição histórica que envolve caminhões.
O local é considerado a cidade dos caminhoneiros do estado, e é reconhecida nacionalmente como um dos maiores polos industriais produtores de peças e acessórios para caminhões, segundo o representante.
“A cidade se tornou famosa pelos acessórios, mecânica e chapeação, conceituando-se como a "cidade Scania" por muitos anos. Essa cultura está entranhada na nossa história, afirma Felipe.
Eventos e locais próprios para compra dessas miniaturas existem?
Sobre a compra de miniaturas de caminhão, os modelos mais novos e populares são facilmente encontrados em lojas virtuais, com frete disponível para todo o Brasil. Fora esses, alguns são importados e são um pouco mais difíceis de se adquirir.
Há também alguns modelos bem raros, de fabricação mais antiga, com registro de montagem de 30 a 40 anos atrás. Nesses casos, é um pouco mais complicado conseguir essas miniaturas pois são limitadas e pouco encontradas.
Em relação aos eventos, a maior parte deles são realizados por amigos entusiastas desses minimodelos. Em pequenos grupos, são feitas confraternizações que geralmente ocorrem em São Paulo.
“Como vivo em outro estado é mais difícil visitar as exposições paulistas. Hoje, por conta da pandemia, participo de confraternizações virtuais realizadas pelos grupos ligados a essa cultura nas redes sociais”, afirma Felipe. “De todo modo, gostaria muito de participar de grandes eventos e conversar com outros entusiastas das miniaturas presencialmente”, completou.
É realmente uma paixão muito grande por caminhões!