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No Limite

Por Revista Caminhoneiro em 19/06/2016 às 21:29
No Limite

Doze de outubro. Dia das Crianças, da Nossa Senhora de Aparecida, feriado nacional e um motivo para os políticos de Brasília ficarem vagabundeando uma semana e sem desconto dos seus salários. Enquanto os nobres congressistas ficavam em suas mansões, viajando de helicóptero e gastando o nosso dinheiro, alguns grupos em diversos estados se organizaram para mostrar sua indignação contra a atual calamidade que é a política nacional. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília mostraram que o povo está cansado de tanta roubalheira, bandalheira e desvio de dinheiro. Um dos slogans era: "eu já to cansado, de sustentar político safado". O ex-presidente José Sarney, aquele que ganha R$ 62 mil por mês, foi muito lembrado nos slogan "não sou bobo não, Sarney, devolve o Maranhão". Outro, contra o voto secreto dizia "voto secreto não, eu quero ver a cara do ladrão". O movimento em São Paulo foi pacífico, com a maioria de jovens participando, famílias inteiras, e até um bebê de cinco meses, no colo do pai. Aprendendo o que é a democracia. Os moradores dos prédios acenavam e os carros buzinavam. Não de irritação por ter uma das principais avenidas interditadas, mas de apoio à passeata. Depois de 3 quilômetros caminhando, agitando faixas de protesto, a passeata chegou ao Teatro Municipal onde algumas pessoas falaram. Deixei a passeata perguntando: onde estão os "salvadores da pátria" que têm todas as respostas quando estão na mesa de um boteco? Para ver o time de futebol perder, as pessoas lotam estádios. Para participar de um ato cívico, uma oportunidade de mostrar nossa indignação, ninguém se dispõe. Mas saí mais leve. Durante o percurso, cantando o hino nacional não deu para conter as lágrimas. "Verás que um filho teu não foge à luta". Lágrimas de esperança que esta juventude não permita que esse bando de políticos continue saqueando o Brasil. Podemos ser poucos, mas essa passeata pode ser o estopim de algo muito maior. Assim como em 1932, o levante revolucionário foi sufocado com a morte de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (e três meses depois, Alvarenga), que ficaram conhecidos como MMDC (que depois virou um grupo revolucionário), mas deu início à Revolução Constitucionalista. Não. Não foi tempo perdido fazer a passeata. Mostramos para os políticos que nossa paciência está no limite, que eles devem mudar, ou nós os mudaremos. E para quem não foi na passeata, apenas um lembrete, uma música que levou seu autor para a cadeia onde foi torturado. E só pôde ser cantada hoje, porque muitas pessoas lutaram e morreram por um País melhor, com liberdade de expressão. O refrão da música diz: "vem, vamos embora, esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

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