Número de roubos de carga nas estradas do RJ é o maior da história
Por Revista Caminhoneiro em 08/02/2017 às 10:56
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Os roubos de carga se tornaram uma das principais fontes de renda das quadrilhas de traficantes de drogas. Desde 2011, o número de ocorrências no estado do Rio triplicou, chegando a 9.870 casos registrados em 2016 – o número é recorde desde o início da série histórica, 24 anos atrás.
Os caminhões são interceptados nas estradas, principalmente na Via Dutra, na Washington Luiz e na Avenida Brasil. E as rotas de fuga das quadrilhas estão perto de comunidades: somente na região dos conjuntos da Pedreira e do Chapadão, na Zona Norte do Rio, a polícia já identificou 11 rotas usadas pelos ladrões de carga. A polícia não divulga quais são estas rotas para não atrapalhar as investigações.
“O tráfico de drogas passou a ter um grande interesse de roubar cargas, ele passou a focar nessa modalidade criminosa quando percebeu que os roubos podem servir de instrumento para auferir dinheiro, com o qual compram armamento e droga”, explica o delegado Maurício Mendonça de Carvalho, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC).
Entre as quadrilhas que já foram presas, havia participação de funcionários de empresas que transportam cargas. Para os donos de transportadoras, a sensação é de abandono, já que nem a proteção de um seguro eles conseguem ter.
“Muitas vezes nao dá porque as empresas que fazem esse tipo de seguro não querem fazer mais porque torna-se inviável. Você faz a primeira vez e é roubado, faz a segunda vez e é roubado, e os valores sao muito altos”, conta o empresário Marcos Jorge Nunes.
Com 30 anos de experiência rodando nas estradas do país, o caminhoneiro Sebastião Alves conta que tem muito medo de passar pelo Rio de Janeiro. “Eu viajo para todo canto do Brasil: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, mas o pior lugar que tem é aqui mesmo”, afirma.
Outro caminhoneiro, Rogério Vaz, conta já ter sido vítima de ladrões duas vezes e chegou a ficar 12 horas em poder dos criminosos. “Eles abordam na rua, com carros pequenos. Fiquei 12 horas no meio do mato, levaram o caminhão, a carga, dinheiro, tudo. É horrível, [dá] uma sensação de impotência, é muito ruim”, diz ele, que tem 25 anos de profissão.
Prejuízos sem seguro
Os ataques geram grandes prejuízos para o setor de transporte de cargas. A federação que representa os empresários do setor estima que os roubos geraram prejuízo superior a R$ 1 bilhão no ano passado.
“Nós atingimos índices intoleráveis no Rio de Janeiro, acabamos de ganhar o troféu de campeões nacionais de roubo de cargas. Estamos à beira de um colapso, os motoristas não querem mais arriscar suas vidas”, afirma o coronel PM Venâncio Moura, diretor da Fetranscarga.
O dirigente da entidade também avalia que as medidas adotadas pela polícia não estão dando resultado. “as seguradoras estão obrigando [as transportadoras] a ter um geranciamento de risco, rastreamento, e nós verificamos que a polícia não está tendo poder de resposta”, diz Moura.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que deu início no ano passado à operação Mercadoria Legal para combater os roubos de cargas, e que atua nas regiões mais visadas pelas quadrilhas.
Já a Polícia Rodoviária Federal informou que, em 2016, prendeu quase 4 mil pessoas nas estradas – quase cinco vezes mais que em 2015 – e desde dezembro reforçou a fiscalização na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana.
Por fim, a Polícia Civil informou que as delegacias têm desenvolvido trabalhos de inteligência para identificar e prender os criminosos.
Fonte:G1