[gallery link="file" size="full" ids="3013,3012,3011,3010,3009"]
Desde 1972, o mundo debate o que fazer para termos um ambiente melhor. Muitas discussões, acusações e pouco efeito prático. A Scania e a Clariant querem mudar essa situação oferecendo uma solução viável.
Em 1972, em Estocolmo, na Suécia, sob a organização da ONU (Organização das Nações Unidas), com representantes de 113 países e 250 organizações ambientais foi realizada a Conferência de Estocolmo, para discutir as principais questões e temas polêmicos referentes ao meio ambiente. O principal resultado foi uma declaração na qual partia do princípio de que as gerações futuras teriam o direito incontornável de viverem em um ambiente com saúde e sem degradações.
Quarenta anos depois, na Rio+20, ou Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, se reuniram 193 representantes de vários países. O resultado foi a avaliação das políticas ambientais então adotadas e a produção de um documento intitulado O futuro que queremos, onde foi reafirmada uma série de compromissos.
No entanto, as principais críticas apontaram a falta de clareza, objetividade e o não estabelecimento de metas concretas para que os países reduzam a emissão de poluentes e preservem ou reconstituam suas áreas naturais.
Um dos maiores inimigos do meio ambiente é a emissão de poluentes. A frota mundial é imensa, poluidora e, infelizmente, indispensável. Mas existem soluções viáveis.
A Scania, desde 2011, tem o motor P270 que é movido a etanol aditivado. Ele reduz em 90% as emissões de gás carbônico. “A Comissão Mundial do Meio Ambiente estabeleceu que sustentabilidade é atender as necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações”, explica Emílio Fontanello, engenheiro de Pré-Vendas da Scania no Brasil. “Na Europa, a Scania oferece produtos movidos a combustíveis alternativos como biogás, gás natural, gás liquefeito, biodiesel, bioetanol, híbrido diesel e eletricidade, híbrido com ultracapacitor, híbrido etanol com bateria e híbrido Euro 6 diesel e biodiesel. No Brasil, além do etanol, a marca oferece chassi para trólebus e ônibus movido a biometano/GNV”.
Segundo ele, para reduzir a emissão de poluentes podemos atacar em três frentes: menos transporte, melhor eficiência e utilização de biocombustíveis. Menos transporte significa utilizar mais ônibus, trens e metrô, transporte de massa, com menos carros em circulação. É preciso aumentar a eficiência do veículo com um planejamento logístico para que o caminhão não rode vazio.
“O veículo específico para o trabalho certo tem vários ganhos”, explica Fontanello. “Usando defletores superior e laterais, temos 7% de economia. Uma caixa automatizada reduz 5% o consumo de combustível”.
Ele ainda observa que o treinamento do motorista é muito importante. Segundo dados da Scania, o motorista, logo depois do treinamento, economiza 10% de combustível com o seu modo de dirigir, mas com o passar do tempo, volta a dirigir como antes. “Nos veículos Scania existe o drive support, que funciona como se tivesse um instrutor no banco do carona que explica a maneira correta de conduzir o caminhão. Mas ainda assim, a Scania acredita no driver follow up, que é alguém conversando com ele para dar o retorno de como ele está dirigindo”, afirma o engenheiro de Pré-Vendas da Scania.
A manutenção é outro ponto importantíssimo. Um desalinhamento de 1 grau no eixo de veículo pode aumentar em 3% o consumo. Se este desalinhamento chegar a 2,5 graus, o aumento do consumo pode chegar a 16%.
Combustíveis
Com relação aos biocombustíveis, no Brasil, a Scania disponibiliza motores para rodar com o etanol, o biodiesel e o biogás. O etanol pode ser produzido do milho e da cana de açúcar (mais comum). O biodiesel também é produzido de oleaginosas ou gordura animal. O biogás tem mais de uma fonte, podendo vir de aterro sanitário, ou de dejetos animais como “titica de galinha”.
O etanol tem uma faixa de operação média, porque tem que ter planejamento da viagem para saber onde haverá abastecimento. O biodiesel não tem problema de atuação porque é encontrado em todo o Brasil.
O biogás pode ser utilizado apenas em operações curtas, como, por exemplo, áreas urbanas, que teriam um ganho enorme na redução da poluição.
A Scania desenvolveu o motor P270, especificamente para andar com o etanol aditivado. O ciclo diesel foi escolhido por ter maior rendimento que o ciclo Otto. Além disso, o ciclo diesel tem curva plana de torque, o motor pode variar de rotação, mas ainda tem força facilitando a dirigibilidade para o motorista. Além disso, é um motor robusto e tem maior durabilidade.
“Para rodar com o etanol no ciclo diesel, foi necessário algumas adequações como, por exemplo, unidades injetoras que passaram a ter maior vazão e maior resistência à corrosão, o mesmo acontecendo com o pré-filtro”, descreve Fontanello. “Nessa configuração, o etanol atende as exigências do Conama P7 sem utilização do arla32”.
O etanol no motor diesel recebe 5% de aditivo produzido pela Clariant, multinacional suíça, especializada em produtos químicos. Com esse aditivo, o motor consome o etanol achando que é diesel. A mistura é feita dentro dos tanques de abastecimento e, uma vez misturado, o aditivo não se separa mais do etanol. Na bomba de abastecimento, a operação é normal, como se fosse diesel ou gasolina.
Em teste de campo, o etanol mostrou ter rendimento energético menor. Foram utilizados dois caminhões iguais, sendo um abastecido com diesel e outro com etanol. O motor a diesel fez 1,68 km/l, enquanto o motor com o etanol aditivado fez 0,9545 km/l. Isso significa que o etanol tem apenas 55% do rendimento energético do diesel. O preço do etanol em um posto de Guarulhos, SP, em 15/5/2016, era de R$ 2,299 o litro. No mesmo posto, o diesel custava R$ 2,869.
Em uma viagem de 100 quilômetros, seria necessário R$ 170,00 de diesel e R$ 240,00 de etanol. Isso sem contar com o valor do aditivo que ainda não está definido. E nesse ponto surge a pergunta: por que usar o etanol se é mais caro? Para garantir um ar mais limpo para as futuras gerações. Esse é o preço da sobrevivência da raça humana. Se queremos deixar um mundo melhor para nossos filhos, temos que pagar um preço.
No caso da Clariant, os três caminhões Scania P270, apelidados de EcoTrucks, só rodam internamente, transportando tanques isotérmicos. Eles rodam com etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço de cana de açúcar, mais o aditivo Master Batch ED 95, fabricado pela Clariant.
Por rodarem praticamente 24 horas por dia, com três turnos de motoristas, os caminhões receberam horímetros que determinarão o momento de manutenção. A primeira parada foi com 300 horas, depois 500 horas e assim sucessivamente.
A suspensão traseira utiliza molas e foi instalada uma tomada de força para a colocação do side lifter responsável pela retirada e colocação dos tanques isotérmicos sobre o chassi de caminhão.
Um relatório de uma empresa independente constatou a redução de 91% nas emissões com a utilização do etanol, o que mostra a viabilidade do projeto. Desde julho de 2012, a Clariant tem operado uma planta pré-comercial em Straubing, na Alemanha, que produz até 1.000 toneladas de etanol celulósico a partir de cerca de 4.500 toneladas de matérias primas. Nesta unidade, foram processados mais de 40 contêineres de resíduos de cana de açúcar do Brasil, gerando parte do combustível que está abastecendo os Ecotrucks na fábrica de Suzano. “Hoje, no Brasil, nós demonstramos a aplicação comercial do combustível etanol celulósico, utilizando um dos veículos de emissão mais baixo de CO2, os Ecotrucks da Scania”, comentou Martin Mitchell, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Clariant para Américas. “Concluímos diversos testes e obtivemos a validação técnica e econômica da tecnologia Sunliquid®, que já está disponível para comercialização no Brasil. Confirmamos, mais uma vez, que a produção de enzimas na própria planta, de forma integrada ao processo e específicas para resíduos de cana de açúcar, representa o melhor custo competitivo”, conclui. A tecnologia Sunliquid® foi vencedora do Prêmio Inovação 2015 para Clima e Meio Ambiente, na Alemanha.
A Clariant não é produtora de combustíveis e sim de produtos químicos. Assim sendo, está estudando possíveis parceiros aos quais transferirá a tecnologia Sunliquid® para que este parceiro produza o etanol aditivado.