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O salário de motorista de caminhão no Brasil vale a pena?

Por Revista Caminhoneiro em 25/05/2017 às 14:40
O salário de motorista de caminhão no Brasil vale a pena?

Estradas esburacadas, longa jornada de trabalho. O salário de motorista de caminhão compensa os riscos da profissão no Brasil? E em outros países? Saiba tudo aqui

Dentro de uma mesma região, o salário mínimo para caminhoneiro não varia muito. Mas, quando comparamos o piso salarial das diferentes zonas do país, as diferenças aparecem.

E quando a gente compara com o resto do mundo, então, o salário de motorista de caminhão muda ainda mais.

As condições de trabalho também mudam de estado para estado, sendo menos perigoso ser caminhoneiro em alguns locais que em outros.

Por isso, a Revista Caminhoneiro fez um apanhado dessas informações e comparou tudo o que você precisa saber sobre os riscos, o perfil e o salário do caminhoneiro no Brasil e no mundo. Confira!

O salário de motorista de caminhão em cada região

A pesquisa Perfil do Caminhoneiro aponta que o salário médio dos motoristas de caminhão no país é entre 2 e 6 mil reais.

Mas, quando calculamos o salário médio dos caminhoneiros contratados (com CLT) chegamos a 1.569 reais, um valor bem abaixo do apontado pelo estudo.

Isso acontece porque a maioria dos motoristas no país são autônomos, e ganham por mês mais do que as transportadoras oferecem.

As diferenças salariais não são só em relação ao tipo de prestação de serviço, mas também à região onde o caminhoneiro trabalha.

Em São Paulo, cada sindicato aponta um piso salarial diferente para os caminhoneiros. O Sindicato dos Condutores em Transportes Rodoviários de Cargas Próprias (Sindicapro) e o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) estabeleceram 1.785 reais, enquanto o Sindicato da Indústria da Construção Civil (SindusCon-SP) define 1.316 reais, por exemplo.

Pegando o piso sugerido por todos os sindicatos e tirando uma média, o salário fica na casa dos 1.600 reais.

Subindo para o norte, em Manaus, os sindicatos locais fizeram uma resolução bem específica em 2016. Foi decidido que os salários dos profissionais precisam variar de acordo com os veículos dirigidos por eles.

Motoristas de caminhão Toco são os que recebem as menores remunerações, com 1.358 reais, enquanto os de Trucks ganham 1.510 reais e de Muncks, 1.661 reais.

O Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA) e outros representantes do setor de transporte rodoviários estabeleceram os salários com base não no tipo de veículo, mas nas categorias da CNH.

Os mais bem pagos são de categoria C e recebem 1.316. Já a categoria A, recebe 952, pouco acima do salário mínimo local que está em 937 reais. Dê uma olhada no salário de alguns outros estados em nosso mapa:

O perfil do caminhoneiro

O caminhoneiro brasileiro é homem, tem de 30 a 40 anos, estudou até o ensino médio, mora no sudeste e é a principal fonte de renda da família.

É o que aponta a Perfil do Caminhoneiro, que buscou definir quem é o motorista de caminhão hoje no país.

Apenas 2,6% dos motoristas são mulheres. Essa minoria, além de sofrer preconceito pela profissão, é também pior remunerada.

A média do salário do caminhoneiro no Brasil é de 1.664 reais, enquanto a caminhoneira recebe 1.617. A diferença parece pequena, mas, em 1 ano, são 564 reais a menos que a mulher recebeu.

Em São Paulo, a desigualdade aumenta: são 71 reais descontados do salário da caminhoneira, 852 reais por ano, quase um salário mínimo.

O transporte rodoviário é mais forte na região sudeste porque foi a primeira a receber investimento para construção de estradas, e até hoje é a que mais arrecada verba para este fim.

Isso explica não só porque mais da metade dos caminhoneiros brasileiros são dessa zona, mas também o motivo de ser a região melhor avaliada quanto a qualidade das estradas.

A que ficou em último lugar, a norte, tem como principal meio de transporte de cargas a navegação em rios.

Além disso, o estudo também mostrou que 68% dos motoristas de caminhão são autônomos.

A possibilidade de fazer com que o serviço renda mais junto com mais liberdade atraem os caminhoneiros para esse tipo de trabalho. Porém, os autônomos não contam com as proteções previstas na CLT, como limite de jornada de trabalho, benefícios e férias.

A profissão que mais mata no Brasil

Há uma coisa, porém, que une todos os motoristas de caminhão, seja como e de onde forem: os riscos da profissão.

Os buracos nas estradas, a sinalização ruim e os roubos são alguns dos problemas mais encontrados pelos caminhoneiros.

Além disso, a Lei do Caminhoneiro abriu espaço para o aumento da jornada de trabalho, expondo os motoristas a um risco ainda maior.

+ Leia também: Conheça as estradas mais perigosas pelo país Para passar noites sem dormir e aumentar o ganho, caminhoneiros acabam abusando do uso de rebite, comprimido de anfetamina que prejudica a saúde e pode levar até o enfarte.

Esse é um dos motivos para que a profissão de motorista de caminhão seja considerada a que mais mata no país.

Ao longo de 8 anos, foram 2.579 mortes contabilizadas pelo Ministério da Previdência Social, mais que profissões como eletricista ou trabalhador de obra.

Essas informações combinadas mostram como é importante que os caminhoneiros estejam conscientizados para cuidar da própria saúde. Infelizmente, mais de 70% dos motoristas não têm plano de saúde e quase metade já não vai ao médico há mais de 1 ano.

E lá fora?

Nos Estados Unidos, um motorista de caminhão pode ganhar até 39 dólares por hora mais ou menos 130 reais. Tudo isso depende da companhia em que o profissional trabalha, claro.

A que oferece esse salário, o maior do país, é a Acme Truck Line, seguida pela rede Wal-Mart com 38 dólares, 128 reais, a hora.

Os caminhoneiros com a média salarial mais baixa recebem em torno de 2.300 dólares por mês, quase 8 mil reais.

Mas o custo de vida lá é alto e o trabalho não é fácil. As cargas horárias flexíveis permitem que os caminhoneiros de veículos pesados estadunidenses fiquem vários dias sem voltar para casa. Em 2015, o país estava com vagas sobrando para a profissão, que foram principalmente ocupadas por imigrantes cubanos.

Já na Alemanha, chegou a haver discussões em 2016 por causa da lei que estabeleceria o piso salarial dos caminhoneiros, com um mínimo de 8,50 euros, quase 32 reais, por hora.

O país possui uma das remunerações mais altas da Europa para essa função. As manifestações aconteceram porque a lei também valeria para empresas estrangeiras que prestam serviços lá, o que desconsiderava as questões logísticas dos outros países.

O salário na África do Sul é definido de acordo com três áreas. Embora o máximo de horas de trabalho permitidas por semana fossem 45, é comum que na prática os caminhoneiros fiquem na estrada por mais de 70 horas.

Considerando isso e as baixas remunerações, que variam entre 123 e 899 rands – 29 e 212 reais – por mês, o número de profissionais na área é cada vez mais baixo.

Na Índia, o salário de motorista de caminhão é quase insignificante. Há muitos anos, havia quem se dedicasse aos estudos para se tornar motorista, mas, com o tempo, a desvalorização do emprego fez com que isso praticamente deixasse de acontecer.

Quem dirige ônibus ou táxis ainda é bastante respeitado, mas não os caminhoneiros.

Agora, veículos menores tomam conta do mercado de transporte. Fontes http://sindilojas-sp.org.br/wp-content/uploads/2016/11/CCT_Cargas_Proprias_Sindilojas_2016_2017.pdf http://www.sincadam.org.br/arquivos/cct-sindicargas-2016-2017.pdf

 

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