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Pesquisa revela a realidade desafiadora dos caminhoneiros autônomos no Brasil

Por Graziela Potenza em 27/08/2024 às 15:51
Pesquisa revela a realidade desafiadora dos caminhoneiros autônomos no Brasil

Compreender a dinâmica do trabalho dos caminhoneiros autônomos é fundamental para estabelecer políticas públicas eficazes que possam apoiar a permanência e o crescimento desses profissionais no mercado

A "Pesquisa sobre a Realidade do Transportador Autônomo de Cargas 2024" foi criada a partir da necessidade identificada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) de obter dados sólidos, confiáveis e específicos sobre os caminhoneiros autônomos no Brasil. Para atender a essa demanda, a entidade contratou a empresa especializada AGP Pesquisas para conduzir e desenvolver a pesquisa em âmbito nacional. "Por meio desses dados, será possível subsidiar discussões e projetos assertivos que visem à promoção da saúde e do bem-estar, ao aumento da eficiência e segurança no transporte, ao desenvolvimento de políticas públicas eficazes, ao fortalecimento da economia do setor e à representatividade dos caminhoneiros autônomos no mercado", afirma Diumar Bueno, presidente da CNTA.

A pesquisa quantitativa presencial ouviu uma amostra de 1.006 entrevistados no período de 15 a 29 de maio de 2024. Os locais de aplicação foram São Paulo (SP), Santos (SP), Contagem (MG), Paranaguá (PR), Feira de Santana (BA), Rondonópolis (MT) e Talismã (TO).

A profissão de caminhoneiro autônomo no Brasil é predominantemente composta por homens, com idades entre 36 e 55 anos. Dentre eles, 49% são casados, 26% solteiros, 12% vivem em união estável, 9% são divorciados e 4% são viúvos. Além disso, 77% têm filhos. No que diz respeito à escolaridade, 37% possuem ensino médio completo, 22% ensino médio incompleto, 21% ensino fundamental completo, 12% ensino fundamental incompleto, 3% ensino superior completo e 5% ensino superior incompleto.

No que diz respeito à saúde, 49% realizam check-up uma vez por ano, 16% a cada dois anos, 15% a cada três anos, e 20% nunca realizam. Quanto ao tabagismo, 65% não fumam, enquanto 35% são fumantes. Sobre o uso de drogas estimulantes, como o "rebite", a pesquisa revela que 75% nunca utilizaram e 25% já fizeram uso. Além disso, 69% não tomam medicamentos de uso regular, enquanto 31% fazem uso. Na autoavaliação da condição física, 38% se consideram em boa condição, 33% em condição regular, 17% em ótima condição, 9% em condição ruim e 3% em péssima condição.

Frete

A obtenção de fretes se dá principalmente por meio direto com embarcadores (66%), agenciadores de carga (60%), aplicativos de frete (60%), e indicações (45%). Apesar da vasta experiência na estrada, apenas 48% dos caminhoneiros possuem algum curso de qualificação na área. Em relação ao interesse em se qualificar, 42% afirmam que não, enquanto 33% estão indecisos e 25% têm interesse.

Os caminhoneiros autônomos trabalham, em média, 24 dias por mês, com uma jornada diária de 12 horas. A distribuição dessas jornadas revela que 65% trabalham entre 9 e 12 horas por dia, 22% entre 13 e 16 horas, 9% até 8 horas, e 4% mais de 16 horas. A média geral de trabalho é de 12 horas diárias. O tempo de descanso diário também varia: 34% descansam entre 7 e 9 horas, enquanto 28% descansam menos de 7 horas, resultando em uma média de 8 horas de descanso por dia. Quanto ao tempo longe de casa, 36% dos caminhoneiros passam mais de 15 dias fora; 34% ficam até 5 dias; 16% permanecem fora entre 6 e 10 dias; e 14% ficam entre 11 e 15 dias longe de casa. A média geral de tempo longe de casa é de 17 dias.

A remuneração mensal líquida dos caminhoneiros varia consideravelmente. Cerca de 3% ganham até 2 salários mínimos, 10% entre 2 e 4 salários mínimos, 21% recebem entre 4 e 6 salários mínimos, 17% entre 6 e 8 salários mínimos, 12% entre 8 e 10 salários mínimos, 5% entre 10 e 12 salários mínimos, 5% entre 12 e 14 salários mínimos, 4% entre 14 e 16 salários

mínimos, e 1% ganham acima de 16 salários mínimos. Além disso, 22% preferiram não responder. A média de rendimento é de R$ 10,1 mil, com uma remuneração média de R$ 39,50 por hora trabalhada.

Outra pergunta importante foi se eles pretendem deixar a profissão: 54% responderam que não, enquanto 46% afirmaram que sim.

Os caminhões utilizados pelos autônomos têm, em média, 11 anos de uso. A maioria dos veículos é quitada (64%), mas 36% ainda estão financiados. Sobre a necessidade de trocar de caminhão, 15% dos motoristas indicam que gostariam de trocar, com um valor médio necessário para essa troca sendo de R$ 215 mil. Além disso, 83% dos caminhoneiros possuem seguro para o veículo, e 82% afirmam que o caminhão possui rastreador.

O impacto do preço do diesel em seu trabalho também foi avaliado: 68% consideram muito alto, 21% alto, 7% nem baixo nem alto, 2% baixo e 2% muito baixo.

Na avaliação dos pátios de triagem das empresas, 40% foram considerados regulares; 22%, péssimos; 21%, bons; 15%, ruins; e 3%, ótimos. Para cumprir o período de descanso, 91% dos motoristas costumam parar em postos de combustíveis, 48% em pontos de parada e descanso, 41% em restaurantes e lanchonetes, 21% na faixa de domínio da rodovia e 38% em outros locais.

A Lei de Estadia é respeitada nas negociações de fretes? A pesquisa revela que 38% dos caminhoneiros nunca a cumprem; 31% raramente; 19% na maioria das vezes; e apenas 12% sempre cumprem. A situação da Lei do Vale-Pedágio é similar: segundo 30% dos entrevistados, ela nunca é respeitada; 28% afirmam que é raramente observada; 17% dizem que é respeitada "na maioria das vezes"; e 25% indicam que é sempre cumprida. Quanto à Lei do Piso Mínimo de Frete, a adesão também varia: 35% afirmam que nunca é cumprida; 33% dizem que é raramente observada; 18% indicam que é seguida "na maioria das vezes"; e 14% afirmam que é sempre respeitada.

A percepção sobre o apoio governamental é baixa: apenas 15% acreditam que o governo federal, às vezes, tem projetos ou incentivos eficazes para a categoria; 49% afirmam que nunca há apoio; 30% dizem que ele é raramente oferecido; e 6% indicam que há apoio com frequência.

Em resumo, o perfil do motorista de caminhão no Brasil é majoritariamente composto por homens, com idades entre 36 e 55 anos. A maioria desses profissionais é casada, tem filhos e possui educação até o ensino médio. Grande parte dos caminhoneiros é originária de São Paulo, o estado onde essa profissão é mais exercida.

Apenas metade desses motoristas realiza check-ups anuais. Cerca de 47%relatam ter alguma doença, mas somente 31% tomam medicamentos regularmente. Pouco mais da metade considera sua condição física como boa ou ótima.

Cerca de 40% dos entrevistados visitam o dentista uma vez por ano. Aproximadamente 2 em cada 8 já usaram rebites para dirigir. Os caminhoneiros possuem, em média, 17 anos de experiência e conseguem fretes diretamente com embarcadores e agentes de carga. A remuneração mensal líquida desses profissionais é de R$10 mil.

Metade dos caminhoneiros possui qualificação por meio de cursos na área, e quase 50% planejam deixar a profissão algum dia.

Esses profissionais trabalham, em média, 24 dias por mês, 12 horas por dia. Costumam descansar em postos de combustível, com pausas de 7 a 11 horas. A maioria faz pelo menos três refeições por dia, considerando a qualidade das refeições como boa ou regular.

Metade dos caminhoneiros nunca se sente segura nas estradas, e 46% deles já foram vítimas de roubo de cargas. Apenas um em cada quatro considera as condições dos pátios como boas ou ótimas.

Os veículos utilizados têm em média 11 anos. Dois em cada três caminhões estão quitados, e um percentual baixo de motoristas sente a necessidade de trocar de veículo. Mais de 80% possuem rastreador e seguro.

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