A situação do País está difícil. Por isso, empresários do setor de Transporte se reuniram para tentar achar alternativas que permitam passar pela crise com o menor dano possível.
Durante o Conselho Nacional de Estudos em Transportes, Custos, Tarifas e Mercado & Intersindical (Conet), realizado no dia 28 de janeiro, na sede da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), em São Paulo, foi apresentada uma pesquisa realizada com mais de 33 empresas do setor rodoviário de cargas, onde verificou-se uma diferença de 12,9% entre os fretes praticados no mercado e os custos efetivos da atividade.
A pesquisa também apontou uma situação muito preocupante. O desempenho de 75,8% dos entrevistados caiu de 0,1 a 10%, sendo que 83,6% dos empresários não receberam os fretes em dia. E, talvez a pior constatação, é a de que 78% dos entrevistados estão pessimistas com este ano, esperando até uma diminuição de mercado.
Para José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística, é preciso levantar bandeiras para que os transportadores possam juntos conduzi-las da melhor forma possível para atingir os objetivos.
“Um xingamento não conserta um pneu furado”, aconselha Fernandes. “O que temos que fazer é conversar, discutir, tentar achar o que podemos fazer. Ninguém ira fazer nada por nós. Na verdade, somos nós que temos que colocar a mão na massa. Nós que conhecemos nosso negócio, estamos defendendo nossa atividade. Ruim ou boa é isso que estamos fazendo. Vamos lutar juntos. Se não melhorar, pelo menos não vamos deixar piorar”.
A defasagem dos preços dos fretes é resultado do acúmulo das defasagens ao longo dos anos, da inflação dos insumos que compõem os custos, com o combustível e a mão de obra liderando o ranking.
Outro dado alarmante é que 68,4% dos transportadores de carga fracionada desconhecem os custos que devem ser considerados no cálculo do frete, como, por exemplo, a TRT, Taxa de Restrição de Trânsito que não é cobrada por eles.
A pesquisa apontou também que entre os principais insumos, o óleo diesel teve aumento de 13,49% e o salário de motorista de 9%, nos últimos 12 meses.
Taiguara Helou, presidente do Setcesp, afirmou que é preciso voltar o foco para as relações de trabalho. “Dependemos de nossos trabalhadores para que eles possam entregar um serviço melhor, mais eficiente”, afirma Helou explicando que o transporte é um meio que precisa ser aliviado da carga tributária e só com uma união entre empregado e empregador conseguirão vencer essa bandeira.
Flavio Benatti, presidente da Fetcesp, defende o maior conhecimento entre todos os empresários, para que todos trabalhem da mesma maneira e não saindo feitos loucos cobrando fretes como o samba do crioulo doido. “Poderemos ter um ano difícil, mas temos a disposição de estarmos debatendo nossos problemas para construir um setor melhor” afirmou Benatti.
Urubatan Helou, vice-Presidente da NTC, afirmou que o Brasil está presenciando uma das maiores crises econômica e política do Brasil. “A crise política brasileira é a mão da crise econômica”, disse ele. “Estamos vivendo uma recessão profunda, com um PIB (Produto Interno Bruto) de -4 e a projeção para 2016 desse mesmo resultado, com uma inflação de dois dígitos. É o pior dos mundos para a economia. É a estagflação”.
Urubatan Helou, presidente da Brasspress explicou que as margens das empresas estão cada vez menores, com muitas fechando e a maioria obtendo resultados mínimos.
“Na minha empresa, a Brasspress, a inadimplência cresceu 70%. Quem tinha grandes margens agora têm pequenas. Quem tinha pequena margem agora estão no prejuízo e quem já estava no prejuízo enfrenta uma forte crise em decorrência da inflação”, explica o empresário.
Para tentar segurar os preços dos fretes, a maior parte das transportadoras não repassaram os ajustes de setembro porque o mercado está ruim com 350 mil caminhões sobrando no Brasil, oferecendo fretes que aviltam o mercado.
“Temos que buscar o lucro, mesmo que seja pequeno”, instigou Helou. “Temos que ter lucro para gerar mais emprego, mais tributo, para contribuir com o desenvolvimento do País, a despeito de termos bom ou mau governo. Nós temos que fazer nossa parte e buscar o lucro”.
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