Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) divulgou os números do setor de caminhões para o primeiro semestre de 2024, indicando uma recuperação significativa.
“O setor de pesados tem motivos para festejar esta primeira etapa do ano”, diz o presidente da ANFAVEA, Márcio de Lima Leite. A produção de caminhões registrou um aumento de 36,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 64,4 mil unidades contra 47,2 mil unidades produzidas no primeiro semestre de 2023. No mês de junho de 2024, a produção de caminhões cresceu 9,5% em relação a maio e 74,1% em comparação a junho de 2023, demonstrando uma tendência de crescimento contínuo. Quanto ao licenciamento, houve um aumento de 8,0% no acumulado de janeiro a junho de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Especificamente em junho, os emplacamentos cresceram 4,6% em comparação a maio e 26,6% em relação a junho de 2023.
Encerrada a primeira metade do ano, a ANFAVEA decidiu revisar suas projeções para 2024, feitas no final do ano passado. Em 2023, foram emplacadas 129 mil unidades entre caminhões e ônibus. A projeção inicial para 2024 era de 146 mil unidades, mas a revisão agora aponta para 143 mil unidades. Na produção, foram fabricadas 121 mil unidades em 2023. A projeção para 2024 era de 160 mil unidades entre caminhões e ônibus, e a revisão mantém essa projeção em 160 mil unidades. No quesito exportação, foram exportadas 22 mil unidades em 2023. A projeção para 2024 também era de 22 mil unidades, mas a revisão reduziu esse número para 20 mil unidades.
Este mês, a coletiva contou com a participação de Márcio Querichelli, presidente da IVECO para a América Latina, que falou sobre o segmento de pesados.
"Nós chamamos esse setor de 'o setor que transporta os outros setores', uma definição que se encaixa muito bem na nossa filosofia. Quando falamos de veículos pesados, em conjunto com a ANFAVEA, não nos referimos apenas aos caminhões extrapesados, mas também aos leves, médios, semipesados e extrapesados. Esses segmentos têm destaque em muitos setores, como o agropecuário, construção civil, mineração, indústria alimentícia, e-commerce, transporte público, entre outros. Basicamente, estamos presentes em todos os lugares e movemos o país."
Márcio destacou que o modal rodoviário é de extrema importância para a economia do Brasil. Este modal é o principal responsável pelo transporte de cargas no país, movimentando 65% de toda a carga em território nacional. Há boas oportunidades de crescimento na produção e nas vendas no segundo semestre, especialmente devido a novos investimentos nos setores de agronegócio, construção civil e mineração. No entanto, ele ressalta que variáveis como as altas taxas de juros e a desvalorização do real em relação ao dólar são preocupantes.
A produção média anual do setor entre 2010 e 2014 foi de 180 mil unidades. Para 2024, mesmo com o crescimento no segmento de pesados, a projeção é de 143 mil unidades.
“Temos um potencial significativo a ser explorado. Segundo estudos, é possível alcançar um volume de produção e comercialização de cerca de 200 mil unidades. Esse é o volume que almejamos como indústria, visando um crescimento sustentável,” afirma Márcio Querichelli.
O presidente da IVECO para a América Latina destacou a importância da renovação da frota:
“Acredito que esta é a maior oportunidade de descarbonização para o setor de transporte no nosso país. É essencial retirar de circulação os veículos que ainda são Euro 0. Estamos trabalhando intensamente com a ANFAVEA e o governo federal para criar mecanismos que viabilizem essa renovação. A expectativa é que isso aconteça no segundo semestre de 2024."
A revista Caminhoneiro perguntou se a renovação da frota seria suficiente para alavancar o setor e atingir a marca de 200 mil unidades. Márcio Querichelli respondeu que isso depende de diversos fatores:
"Um deles é, de fato, a renovação da frota. Dependendo da potência e do alcance dessa renovação, o impacto pode ser bastante significativo. No entanto, existem outros fatores que também precisam estar equilibrados, como as taxas de juros, que ainda estão bastante altas e precisam ser mais competitivas. Além disso, a integração de novos veículos a diesel, gás, elétricos, entre outros, associados a uma matriz energética diversificada e uma economia saudável, são essenciais para alcançarmos essa meta. Precisamos que a indústria e o governo trabalhem de mãos dadas para que isso seja possível."
Eduardo Ribeiro de Freitas, vice-Presidente da ANFAVEA, explica que todos os aspectos estão sendo cuidadosamente analisados para garantir que o programa de renovação da frota atenda às necessidades dos transportadores brasileiros que possuem veículos antigos.
"Estamos trabalhando para desenvolver uma maneira de financiar o programa de forma sustentável, garantindo que a renovação seja acessível e benéfica para todos os envolvidos. Acreditamos que esta iniciativa não apenas melhorará a eficiência do transporte no país, mas também contribuirá significativamente para a redução das emissões de carbono e o avanço da sustentabilidade no setor."
Márcio Querichelli explicou também que, no ano passado, houve uma transição para a motorização Euro6, resultando em uma retração de 15% no mercado, algo que já era previsto. "Essa mudança levou a um aumento significativo dos preços em 2023, contribuindo para a retração observada. No entanto, agora estamos vendo uma certa acomodação. Conseguimos fechar o semestre com um melhor equilíbrio entre custo e preço, e estamos seguindo na direção certa. O impacto do Proconve P8 já passou, e estamos caminhando para a normalização, especialmente neste segundo semestre. Acreditamos que, com essa estabilização, o setor pode continuar crescendo de forma sustentável," finaliza Querichelli.
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