Mesmo sendo indicadas para proteção contra uma mesma doença, as duas imunizações possuem diferentes métodos de formulação. A Coronavac usa uma versão inativada do vírus, método usado em grande parte dos imunizantes administrados no Brasil. A Oxford tem como base o fator viral. Ambas devem ser dadas em duas doses, com intervalos diferentes, e podem ser armazenadas em geladeira com temperaturas que variam de 2 a 8 ºC.
A Coronavac funciona ensinando o sistema imunológico a produzir anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2. Os anticorpos se conectam às proteínas virais, como as chamadas proteínas spike que se espalham por sua superfície. Para criar a Coronavac, os pesquisadores da Sinovac começaram obtendo amostras do novo coronavírus de pacientes na China, Grã-Bretanha, Itália, Espanha e Suíça. No fim, uma amostra da China acabou servindo como base para a vacina.
Os pesquisadores então extraíram os vírus inativados e os misturaram com uma pequena quantidade de um composto à base de alumínio chamado adjuvante. Os adjuvantes estimulam o sistema imunológico a aumentar sua resposta a uma vacina.
Os vírus inativados têm sido usados há mais de um século. Jonas Salk os usou para criar sua vacina contra a poliomielite na década de 1950 e eles são a base para vacinas contra outras doenças, como raiva e hepatite A.
Já na vacina Oxford/AstraZeneca, denominada como ChAdOx1 nCoV-19 ou AZD1222, o vírus SARS-CoV-2 é repleto de proteínas que utiliza para entrar nas células humanas. Essas proteínas chamadas de spike são um alvo tentador para potenciais vacinas e tratamentos.
A vacina é baseada nas instruções genéticas do vírus para produzir a proteína spike. Mas, ao contrário das vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna, que armazenam as instruções em RNA de fita simples, a vacina Oxford usa DNA de fita dupla.
Os pesquisadores adicionaram o gene da proteína spike do novo coronavírus em um outro vírus chamado adenovírus. Os adenovírus são vírus comuns que geralmente causam resfriados ou sintomas semelhantes aos da gripe. A equipe Oxford/AstraZeneca usou uma versão modificada de um adenovírus que infecta chimpanzés, conhecida como ChAdOx1. Ele consegue entrar nas células, mas não pode se replicar dentro delas.
A AZD1222 é resultado de décadas de pesquisa com vacinas baseadas em adenovírus. Em julho, foi aprovada a primeira para uso geral - uma vacina para o Ebola, da Johnson & Johnson. Ensaios clínicos avançados estão em andamento para outras doenças, incluindo H.I.V. e Zika.
Quais os efeitos colaterais?
Os estudo mostraram, inicialmente, que as duas vacinas não apresentaram efeitos colaterais graves. Entre os sintomas, dores na região em que a vacina foi aplicada, dor muscular, febre, fadiga, calafrios, dor de cabeça (de intensidade leve ou moderada), reações consideradas comuns por profissionais da saúde.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a vacina é muito importante, já que não existem opções para tratamentos profiláticos, ou seja, medicamentos que usados precocemente impeçam o desenvolvimento de formas graves da covid-19. Por ora, não há comprovação científica de que uma medicação possa prevenir a doença ou evitá-la, se usada no início dos sintomas, que o quadro de um paciente infectado se agrave. Os cuidados preventivos ainda devem continuar.
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