Antonio Almeida, diretor de Vendas On-Highway da Cummins Brasil, e Alexandre Xavier, diretor de Engenharia da FPT Industrial para a América Latina, explicam como o diesel continuará sendo relevante no transporte de cargas, apesar da transição para fontes de energia mais limpas.
Com o aumento da adoção de veículos elétricos e híbridos, muitos se perguntam sobre o futuro do diesel no setor de transporte de cargas. Antonio Almeida, diretor de Vendas On-Highway da Cummins Brasil, compartilha insights sobre o papel que o diesel continuará a desempenhar nos próximos anos, abordando inovações que visam torná-lo mais eficiente e menos poluente, além de destacar como a Cummins está preparada para oferecer soluções sustentáveis e tecnológicas.
Segundo Antonio Almeira, o diesel continuará a desempenhar um papel significativo no transporte de cargas nos próximos anos, especialmente em setores onde a infraestrutura de recarga para veículos elétricos ainda é limitada. Os motores diesel são muito eficientes em termos de consumo, além de serem duráveis e terem uma vida útil muito longa, o que justifica seu uso em veículos pesados e maquinários.
“Acreditamos no protagonismo do diesel no mercado brasileiro ao mesmo tempo que estamos comprometidos em desenvolver soluções que integrem este combustível para garantir uma transição responsável e eficiente”, diz.
Antonio Almeira explica que quando falamos, por exemplo, em biodiesel, visando mais uma forma de garantir redução de poluentes na atmosfera, a Cummins, em 2006, aprovou o uso do biodiesel no Brasil (motor homologado) E na Fenatran, em 2009, certificou a utilização do B20 (20% de biodiesel + 80% de diesel). Foi pioneira nesse mercado também. A redução com o uso do B20 fica entre 5% e 15% (material particulado 5%, hidrocarboneto 10%, monóxido de carbono 6%, emissão de fuligem 15%).
Outra variação é o HVO. A Cummins já anunciou a aprovação de toda a sua linha de motores a diesel de alta potência para uso do diesel renovável, incluindo óleo vegetal hidrotratado (HVO). A utilização de motores diesel renováveis como HVO reduz a emissão líquida de gás de efeito estufa (GEE) em até 90% em comparação com o diesel convencional, dependendo da via de combustível e da matéria-prima exata.
O HVO é um tipo de combustível fabricado sem o uso de qualquer recurso fóssil, obtido pelo processamento de lipídios como óleo vegetal, sebo ou óleo de cozinha usado. O combustível é derivado das mesmas matérias-primas usadas para a produção de biodiesel. O HVO é também chamado de diesel verde.
“No entanto, partindo do princípio de que não existirá uma solução única que atenda a todos, a Cummins, além de manter investimentos para que o Diesel continue atendendo nosso mercado, promove uma gama de tecnologias que permite aos nossos clientes escolherem a melhor opção para suas necessidades; desde a evolução do diesel até combustíveis alternativos e soluções emissão zero, estamos preparados para apoiar empresas que desejam implementar iniciativas de ESG e contribuir para um futuro mais sustentável”, comenta.
Da mesma forma pensa Alexandre Xavier, diretor de Engenharia da FPT Industrial para a América Latina.
“Acreditamos que o diesel manterá o seu protagonismo e predominância de mercado na América Latina, com ganho de eficiência, além de se firmar como oportunidade para o Brasil se consolidar como polo produtor e exportador para América, Ásia e Europa.
O diesel é um combustível consagrado na região, pela infraestrutura e relação custo x benefício. Atendendo à essa demanda, os motores Euro VI da FPT Industrial evoluíram ainda mais, aumentando a sua robustez e densidade de potência, diminuindo o consumo de combustível, sem abrir mão da eficiência energética. O atual nível de emissões apresenta significativas reduções de emissões, chegando a ser cerca de 60 vezes mais limpo que o Euro I, considerando o ciclo de homologação de caminhões pesados. No total, a FPT Industrial desenvolveu mais de 20 novos motores para o Euro VI. Adicionalmente, a sanção da Lei Combustível do Futuro, pelo Governo Federal, abre caminho para a consolidação do biodiesel na matriz energética brasileira, acrescentando o atual percentual de 14% até chegar aos 20% em março de 2030. Desta forma, por meio do Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) fixará a cada ano a quantidade mínima, em volume, de diesel verde a ser adicionado ao diesel de origem fóssil.”
Inovações
Há várias inovações em andamento para tornar o diesel mais eficiente e menos poluente. Tecnologias como a injeção de combustível de alta pressão, sistemas de pós-tratamento de gases de escape (como filtros de partículas e catalisadores SCR), e a utilização de combustíveis alternativos como o biodiesel estão em destaque.
“Temos orgulho em termos sido os pioneiros no lançamento do Projeto Euro VI, em 2023, que trouxe novos sistemas U Module e Single Module, altamente flexíveis, compactos e de baixo peso (60% menor e 40% mais leve quando comparado aos sistemas que atendem ao mesmo nível de emissões). Com a tecnologia Euro VI houve uma redução de cerca de 77% de NOx e de aproximadamente 66% de material particulado, ou seja, é possível utilizar todos os benefícios do diesel de forma mais sustentável”, fala Antonio Almeira.
O executivo da Cummins continua: “na IAA Transportation 2024, ocorrida em setembro na Alemanha, apresentamos o motor diesel X10 com sistema de pós-tratamento pronto para atender às regulamentações Euro 7, o que exemplifica nosso compromisso em fornecer uma ampla gama de soluções de energia que reduzam as emissões de gases de escape e de efeito estufa, sem comprometer o desempenho, a confiabilidade e o custo total de propriedade que nossos clientes e o setor de transporte necessitam para operar seus negócios”.
Para Antonio Almeira “embora haja uma pressão crescente por descarbonização, o diesel ainda terá seu espaço no mercado, especialmente em aplicações onde a demanda por potência e eficiência é alta. Acreditamos que o futuro do diesel está na sua transformação e integração com novas tecnologias, permitindo que ele evolua e se adapte às exigências ambientais.”
Alexandre Xavier dá sua opinião: “as inovações passam pela adoção de sistemas de injeção e de pós-tratamento cada vez mais eficientes nos motores, bem como a validação das características de uso do biodiesel, comparado ao diesel fóssil, para atestar a performance, o consumo e as emissões. Com a inovação no DNA, somos pioneiros no desenvolvimento de tecnologias para motores diesel no segmento on-road, de transporte de cargas. Entre as inovações da FPT Industrial estão o primeiro motor com injeção Common Rail aplicado em veículos comerciais leves e a tecnologia de pós-tratamento HI-eSCR (Redução Catalítica Seletiva de Alta Eficiência) aplicada nos motores Euro VI. Regionalmente, participamos ativamente de testes e ensaios junto à parceiros, para validação do diesel verde. Nos preparamos para atender a diversidade da matriz energética brasileira, que impacta diretamente na infraestrutura do país para atender a demanda.”
Segundo Alexandre Xavier, diretor de Engenharia da FPT Industrial para a América Latina:
“ainda há vida longa, sim, para o diesel! Entendemos que o desafio passa pela viabilização de múltiplas soluções, seja do ponto de vista técnico ou pela aderência, em função da realidade econômica de cada região, e o diesel continua fazendo parte desta transição. Nossa discussão não é sobre qual tecnologia é melhor, mas qual ou quais são ideais para a matriz energética”, finaliza.
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