Para obter informações sobre o novo diesel R5, entrevistamos Eduardo Ghelere, diretor-Executivo da Ghelere Transportes. Confira.
Primeiramente, o diesel R5 foi desenvolvido pela Petrobras através de um processo de hidrogenação do diesel e óleo de soja. Ele se assemelha ao diesel convencional, sendo possível distingui-lo apenas através da contagem de carbono 14.
Eduardo Ghelere explica que chamá-lo de diesel verde pode ser um exagero, uma vez que o diesel verde seria 100% de origem renovável (B100), o que não é o caso.
“Temos apenas uma fração de produto renovável. O principal benefício está na redução da emissão de CO2; são evitadas 4,5 toneladas de CO2 a cada 10 mil litros. Isso representa uma grande vantagem.”
O especialista continua: ele é melhor para o motor, já que o diesel R5 possui 5% de fração renovável, enquanto o nosso diesel S10 contém 12% de B100. Portanto, há também a vantagem de trabalhar com menos biodiesel, o que reduz os impactos nos filtros, no motor e no desempenho dos veículos.
Segundo Eduardo Ghelere, os benefícios econômicos dependerão, em primeiro lugar, do preço. Se ele for mais alto, não haverá benefício econômico; pelo contrário, pagaremos mais, mas poluiremos menos.
Quando perguntado se o diesel R5 será amplamente utilizado em veículos comerciais, a resposta foi precisa: "Ainda é um produto novo. Acredito que a Volvo seja a única empresa comercial que está realmente começando a utilizá-lo em larga escala em sua planta na região metropolitana de Curitiba. Como acontece com todas as novidades, não gosto de criar expectativas até que o produto se prove comercialmente viável em termos de custo e desempenho. No entanto, meu desejo é que isso aconteça rapidamente, afinal, precisamos de alternativas para reduzir as emissões apenas trocando o combustível, o que é um excelente negócio."
Produção
Atualmente, o produto é produzido apenas na REPAR (Araucária). A produção é pequena, mas está em crescimento. Neste momento, a maior barreira talvez seja logística. Não faz sentido transportar um diesel de Curitiba para São Paulo. Portanto, é necessário estabelecer a produção nos grandes centros consumidores.
O diesel R5 se encaixa perfeitamente nas políticas de energia renovável e redução de emissões de carbono. Eduardo afirma:
"Imagine que não será necessário custo de adaptação, pois o motor do veículo não sofre alterações, e conseguimos reduzir as emissões de poluentes. O impacto é extremamente positivo. Como um país de dimensões continentais, continuaremos a usar caminhões por muito tempo, e esta é uma excelente alternativa. Agora cabe passar pelo 'teste do mercado'."
"A indústria do petróleo também explora e busca alternativas. Estamos falando de empresas muito grandes, com muitos recursos financeiros. Quando se trata de soja, o Brasil está bem-posicionado, sendo uma das commodities mais exportadas. Meu sonho, como brasileiro, sempre foi manufaturar mais aqui no nosso país. Agora que temos um produto viável, é sabido que importamos muito diesel, mas podemos reduzir essa importação, já que exportamos soja. A equação fecha de qualquer maneira, mesmo com a carga tributária elevada e a logística desafiadora", finaliza Eduardo Ghelere.
Inovação premiada internacionalmente
Responsável pela produção e comercialização do Diesel R, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) recebeu o renomado certificado da ISCC (International Sustainability Carbon & Certification). Essa é uma das mais tradicionais certificações no mercado, aplicável para a sustentabilidade de matérias-primas e produtos.
A certificação avalia não apenas as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) ao longo do ciclo de vida do produto, mas também se toda cadeia produtiva é ambientalmente responsável. Segundo a refinaria, o reconhecimento global da ISCC mostra que, com o Diesel R, estamos no caminho certo rumo à transição energética para produtos mais sustentáveis.
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Fotos: Divulgação
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