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Renovação de frota: esperança para este ano

Por Graziela Potenza em 14/02/2022 às 09:39
Renovação de frota: esperança para este ano

Gustavo Bonini, vice-Presidente da Anfavea, fala, com exclusividade, sobre renovação de frota e descarbonização para caminhões  

Revista Caminhoneiro -  Qual é a importância da renovação da frota nacional de caminhões? 

Gustavo Bonini – A renovação é importantíssima para toda sociedade brasileira e o País. A Anfavea encomendou um estudo sobre os impactados da frota de caminhões envelhecida no Brasil. Esse estudo é de 2019. Ele mostrou que a frota envelhecida representa um custo de RS 62 bilhões para o estado brasileiro/ano. Se contabilizarmos tudo, como acidentes no trânsito, o próprio trânsito que pode ser agravado por um caminhão quebrado, emissões de poluentes, temos caminhões com mais de 30 anos, o prejuízo ultrapassaria a barreia desse valor. Isso é importante de ser resolvido pelo país. A sociedade ganha com essa renovação porque terá um trânsito mais seguro e com menos emissões de poluentes. O caminhoneiro também irá ganhar bastante. Se, hoje, ele tem um caminhão com mais de 30 anos não é porque deseja, mas não está tendo condições de comprar um veículo mais novo. A expectativa deste programa não é que o caminhoneiro irá comprar direto um veículo 0 km. O ideal é de uma forma escalonada: 30 anos passa para 20, de 20 anos pula para 10 anos, de 10 para 5 até quem sabe chegar a um novo. De qualquer forma, o caminhoneiro terá um veículo mais atualizado, gerando mais eficiência no seu trabalho. O processo é ganho, ganho e ganho.         

Revista Caminhoneiro -  Atualmente, como está esse assunto? 

Gustavo Bonini – Além desse estudo que provocou uma discussão na opinião pública, o próprio governo levantou o tema, o ministério da economia iniciou reuniões com várias associações do setor, inclusive, a Anfavea. Agora está na fase de trabalhos internos do próprio governo federal para acertar os últimos pontos desse projeto. Temos expectativa para que, em breve, tenhamos uma boa novidade e seja colocada em prática a renovação nacional da frota de caminhões. Estamos torcendo para que saia ainda este ano. 

Revista Caminhoneiro - Fale-me um pouco da descarbonização para o setor de caminhões? 

Gustavo Bonini -  Em agosto do ano passado, a Anfavea lançou também um estudo falando sobre este assunto. Não existe bala de prata, ou seja, uma solução única. Existem várias alternativas tecnológicas para a descarbonização, como exemplo a eletrificação, o uso do gás, o biometano, o diesel verde, entre outros. Isso é fundamental. A gente vê que a sociedade também deseja essas soluções. A jornada à sustentabilidade é importante nos dias atuais. Não só o produto é sustentável, mas o cliente deve ter um fluxo logístico que preze pela sustentabilidade e descarbonização.  Precisamos ter além dos produtos, uma infraestrutura que dê conta das novas tecnologias e um país que ofereça matrizes energéticas para que tudo seja colocado em prática. Enfim, é importante também o envolvimento das outras cadeias. Um bom exemplo é do BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Para dar sua contribuição ao movimento global de descarbonização, e estimular o desenvolvimento de cadeia produtiva que aposte no uso de tecnologias alternativas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, o BNDES tornou mais flexíveis as regras de adesão ao programa de financiamento Finame Baixo Carbono. Hoje, temos que pensar em um conjunto de ações para acelerar essas mudanças.    

Revista Caminhoneiro - Qual é a importância da inspeção veicular para os caminhões? 

Gustavo Bonini – Para que a renovação de frota funcione é preciso de uma importante ferramenta: a inspeção veicular. O caminhão pode ser antigo, ter feito todas as suas manutenções e estar bem cuidado. A inspeção veicular irá verificar esse ponto, crucial à segurança e ao controle de emissões. Ela garante que os produtos estejam dentro das normas, apesar de ter passado alguns anos. Essa ferramenta deve atuar em conjunto com o programa de renovação de frota para melhorar a qualidade dos caminhões circulantes.    

Revista Caminhoneiro -  Como o avanço tecnológico dos caminhões está interferindo na melhoria do meio ambiente? 

Gustavo Bonini – Nesta resposta podemos juntar uma série de temas, como a descarbonização, os caminhões que estão mais eficientes e econômicos etc. Saiba que mesmo abastecidos com combustíveis tradicionais, com as novas tecnologias, há redução nos poluentes. Temos para completar: a tecnologia embarcada, conectividade, dispositivo de segurança que também contribuem na preservação do meio ambiente. Hoje, o próprio caminhão indica o momento certo para se fazer a manutenção. Tudo isso ajuda e tornar o transporte mais eficiente e seguro. 

Revista Caminhoneiro -  Como está o Brasil em termos de sustentabilidade em relação aos países europeus? 

Gustavo Bonini -  O Brasil tem um grande potencial em relação aos países europeus. Sabemos que ainda temos vários desafios, como de infraestruturas e investimentos. Sou otimista por natureza, vejo muitas oportunidades. Uma delas é o biometano é uma alternativa de energia limpa e barata em um cenário de diminuição de combustíveis fósseis, devido aos impactos ao meio ambiente. De maneira simples, o biometano (CH4) é o produto derivado da biodigestão de bactérias anaeróbicas. Os resíduos orgânicos são colocados em biorreatores que produzem o biogás. Em seguida, separa-se desse gás o biometano (CH4) e o gás carbônico (CO2). Se comparado com outras opções, como o etanol e diesel, ele é mais barato, sendo ótima opção para frotas de caminhões e tratores. Essa opção também é apontada como o futuro da mobilidade sustentável. Há também a eletrificação, o gás, enfim temos muitas alternativas. Por outro lado, o Brasil ainda conta com muitos desafios, como a frota envelhecida e uma infraestrutura que precisa avançar em direção a todas essas tecnologias. Outra coisa: as montadoras não estão só pensando em entregar seus produtos sustentáveis ao mercado, mas nas suas operações industriais também têm a sustentabilidade presente muito forte.  

Revista Caminhoneiro -  Quais são os segmentos mais promissores para este ano? 

Gustavo Bonini – Temos observados nos últimos meses certa manutenção de veículos extrapesados, representando por volta de 50% dos caminhões nos setores de construção, mineração e agronegócio de longa distância. No entanto, isto não significa que outros segmentos, talvez com percentuais menores, não sejam tão importantes. Cada um tem a sua logística.  

Revista Caminhoneiro -   No seu ponto de vista, os motoristas profissionais estão mais exigentes em relação ao conforto e às novas tecnologias? 

Gustavo Bonini – Com certeza. Eu fico feliz. De fato, eles estão mais exigentes. É um estimulo para que os fabricantes de caminhões, cada vez mais, continuem desenvolvendo tecnologias de ponta e, sobretudo, disponibilizem caminhões bem confortáveis. Enfim, os avanços tecnológicos estão beneficiando o trabalho dos motoristas, proporcionando mais segurança, tranquilidade, agilidade e assertividade, na realização de suas tarefas. 

Revista Caminhoneiro -  Envie um recado para os nossos seguidores. 

Gustavo Bonini – Ainda estamos vivendo um momento delicado por conta da pandemia. É  importante continuarmos com bastante cautela, seguindo todas as recomendações, buscando estar com as vacinas atualizadas. Neste período, os caminhoneiros tiveram uma função ainda maior e o reconhecimento da sociedade ficou mais visível. Como já mencionei sou otimista e vamos ter um ano mais promissor com relação à pandemia. O trabalho do motorista continuará sendo fundamental para todos nós. O Brasil precisa ter um transporte eficiente em todos os setores!  

Foto: divulgação

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