A pandemia do novo coronavírus afetou o mercado de logísticas e transportes, ocasionando uma queda de 12% na oferta de fretes no primeiro quadrimestre de 2020 na comparação com os últimos quatro meses de 2019. Este é um dos dados de levantamento inédito feito pela FreteBras, maior plataforma online de transporte de cargas da América do Sul.
O estudo mostrou uma queda abrupta de 43% em abril quando comparado com março de 2020, mês que marcou o início da pandemia. “A redução de cargas foi uma consequência principalmente de uma diminuição forte da produção e demanda de alguns setores, como em industrializados”, observa Bruno Hacad, Diretor de Operações da FreteBras.
“Os fretes para o setor agropecuário se sobressaíram nesse início de ano em relação ao final do ano passado, com um crescimento de 10%. A soja e o milho, que tiveram safras recordes, foram os principais responsáveis por essa alta”, acrescenta.
Na contramão de produtos de primeira necessidade, o estudo indicou que as ofertas de fretes de produtos industrializados caíram 20% ao comparar o último quadrimestre de 2019 com o primeiro quadrimestre de 2020. Papel e celulose e máquinas e equipamentos foram os grandes responsáveis por essa redução, refletindo a queda na demanda por bens de produção.
Preço dos fretes caem
O preço médio dos fretes sofreu pouco (apenas 3,3%) nesse início de ano no comparativo entre o último quadrimestre de 2019 e o primeiro de 2020. Puxando a fila de fretes com preço médio mais elevados estão produtos do agronegócio, como batata, arroz e feijão, e produtos alimentícios industrializados. Levando em conta o tipo de veículo, Rodotrem, Bitrem e Carreta LS apresentam as ofertas com preços mais elevados.
Cresce uso da tecnologia
O levantamento registrou ainda um crescimento de 47% no número de caminhoneiros utilizando meios digitais para busca de fretes no primeiro quadrimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Além disso, o estudo constatou um aumento de caminhoneiros buscando ativamente por cargas; quase 50% a mais no mesmo período.
Na virada do ano, a comparação dos números do primeiro quadrimestre de 2020 com os do último quadrimestre de 2019 registrou uma elevação na base de caminhoneiros utilizando meios digitais da ordem de 12%. A carroceria Baú Frigorífico foi o que registrou maior crescimento, com 17%, seguido pelo Baú, com 13% e pelo Sider, com 10%.
Construção civil ocupa principais rotas
Com relação às principais rotas dos fretes publicados, Arcos (MG) / Guaíra (PR) liderou o crescimento com 424% em uma comparação dos primeiros quadrimestres de 2019 e 2020. O segmento de construção foi o responsável por esse crescimento, principalmente por conta das ofertas de fretes de cimento. Já a rota que registrou pior desempenho, com uma queda de 9%, foi Curitiba (PR) / Rio de Janeiro (RJ), resultado de uma retração considerável em produtos siderúrgicos e papel e celulose.
Flexibilização já traz reflexos positivos
“O mês de abril foi o mais desafiador para muitos ramos de atuação, principalmente no segmento de produtos industrializados. Apesar da queda em ramos específicos, o agronegócio, impulsionado por safras recordes e dólar elevado, o que levou a uma alta na exportação, manteve um crescimento e tende a puxar a curva ascendente nos próximos meses”, avalia Hacad.
O diretor de operações revela que já é possível ver uma retomada na oferta de fretes em maio e junho, tendo em vista que alguns Estados iniciaram a flexibilização do isolamento e o consumo aumentou. “É interessante perceber que os caminhoneiros passaram por uma transformação digital nesse período de escassez de cargas e estão acessando cada vez mais nossa plataforma para buscar por fretes. De janeiro a maio tivemos um crescimento de 118% em comparação ao mesmo período do ano passado. Registramos 80 mil novos motoristas no período, alcançado a marca de 400 mil inscritos na plataforma”, finaliza Hacad.
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