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Saiba quais são os riscos e consequências do excesso de carga em caminhões

Por Graziela Potenza em 09/01/2024 às 13:38
Saiba quais são os riscos e consequências do excesso de carga em caminhões

O propósito dessa matéria é elucidar as consequências negativas do excesso de carga em caminhões, destacando a importância de não depender da sorte em tais circunstâncias.

No mundo acelerado e exigente da logística, onde cada minuto e cada quilo contam, é tentador para alguns arriscar e sobrecarregar caminhões além de suas capacidades legais e seguras. No entanto, essa prática não só viola regulamentos de transporte, mas também coloca em risco a vida de motoristas, outros usuários da estrada e a integridade das mercadorias transportadas. O excesso de carga em caminhões é um jogo perigoso, onde a aposta é a segurança e a vida humana. Mais do que uma possibilidade, é uma questão de tempo até que um acidente grave aconteça devido a esta negligência. Tendo isso em vista, consultamos especialistas das principais empresas do setor para entender quais são os riscos e consequências da sobrecarga em caminhões. Confira:

Segundo Alekson Felício, gerente de Engenharia de Vendas e Planejamento de Produto DAF Brasil, a sobrecarga é considerada o excesso da capacidade legal do veículo, seja total ou por eixo, dependendo de sua classificação CVC (Combinações de Veículos de Carga), segundo a Lei da Balança.

Adriano Guedes Brito, engenheiro de Oferta de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, acrescenta que esse assunto é muito sério. Ele explica que:

“a sobrecarga de um caminhão pode ser definida por meio de duas situações: o veículo estar carregado com uma carga/peso superior ao que a lei da balança permite para a configuração de eixos em questão; e o veículo estar carregado com uma carga/peso superior ao limite máximo de carga recomendado pelo fabricante.”

O executivo da Scania continua: “outro aspecto é a segurança que pode ser afetada, pois os limites admissíveis de carga/peso das estradas, pontes e demais estruturas viárias, são definidos com base nos limites de peso por eixo estabelecidos na Lei da Balança brasileira, logo, se estes limites não forem respeitados, as estruturas viárias podem não suportar a carga adicional e apresentar problemas estruturais precocemente, se deteriorando, danificando e/ou cedendo a qualquer momento. Por consequência, comprometendo a segurança da via e de todos os usuários. Além disso, a capacidade de frenagem dos veículos está diretamente relacionada a sua capacidade de carga, se esta for ultrapassada os freios podem não atuar com a mesma eficiência, além de todos os itens estruturais do veículo que podem apresentar quebra por uso indevido do produto.”

Jefferson Ferrarez, diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, concorda com Adriano Guedes Brito e complementa:

“de fato, afeta na deterioração do piso da pista de tráfego, na segurança e na dirigibilidade do caminhão, além dos impactos de desgastes prematuros e quebras dos componentes do veículo, como sistema de suspensão, freios, pneus e chassi, entre outros.

Ele complementa: “Da mesma forma que os freios, todos os componentes estruturais de um veículo, são dimensionados de acordo com sua capacidade técnica de carga máxima, em caso de sobrecarga estes e outros componentes por exemplo trem-de-força, podem apresentar desgaste prematuro ou até mesmo não suportar a operação e quebrar.”

Segundo Paulo Razori, supervisor de Marketing do Produto da VWCO, a Volkswagen Caminhões e Ônibus desaprova qualquer aplicação com sobrecarga. A empresa tem um time de especialistas que orienta o cliente de acordo com o melhor caminhão e suas aplicações para que seu transporte ocorra dentro do que a lei permite e a montadora assegura.

“Todos os nossos caminhões são testados exaustivamente por nossa Engenharia e Qualidade seguindo os mais altos padrões de segurança. Após todos os testes realizados, eles são homologados conforme as legislações vigentes em cada um dos países em que o produto será comercializado. Quando um caminhão anda com sobrecarga ele pode ter sua dirigibilidade alterada prejudicando o comportamento do veículo, como a distância percorrida de frenagem, aumentando as possibilidades de um acidente. Pensando na vida útil do caminhão, o comportamento das peças também sofre alterações. Um conjunto de suspensão e amortecedores, por exemplo, terá sua vida útil diminuída por aumentar o seu esforço por conta da carga extra carregada”.

Modelos

O modelo de caminhão de maior capacidade de carga oferecido pela DAF, atualmente, é o XF FTT 530cv em sua versão Off-Road com redução nos cubos que pode atingir até 150 toneladas de Capacidade Máxima de Tração (CMT), sendo limitado a 91 toneladas de Peso Bruto Total Combinado (PBTC) - que pode ser atingida na combinação Super-Rodotrem de 11 eixos conforme o Contran

No caso a Volkswagen Caminhões e Ônibus o maior caminhão, hoje, é o Meteor 29.530. Já a Scania disponibiliza os cavalos mecânicos (R 660 A 6x4 V8 => PBT = 49 toneladas e o R 660 A 8x4 V8 => PBT = 60 toneladas). Ambos possuem até 350 toneladas de CMT (Capacidade Máxima de Tração). Os caminhões chassi rígido ou plataforma das Scania são G 560 B 8x4 HT para 60 toneladas e o G 660 B 10x4 HT V8 para 71 toneladas. Ambos possuem até 210 toneladas de CMT (Capacidade Máxima de Tração).

Dentro da legislação atual, a Mercedes-Benz oferece ao mercado o Actros 2653 com até 120 toneladas – indicado para carga geral de até 74 toneladas (caminhão + implemento + carga); Arocs 3351 - 6x4 versão S (cavalo mecânico) – 91 toneladas, no caso específico do setor canavieiro, atendendo uma série de requisitos de tráfego; o e Arocs 6x4/8x4 = 150 toneladas – considerando a capacidade técnica dos caminhões da marca para 150 toneladas de CMT.

Regulamentações

A Lei da Balança é a principal normativa estabelecida no País que visa regulamentar a capacidade de carga em veículos comerciais de transporte de carga nas rodovias. A legislação é baseada nas resoluções do Contran que estabelecem as diretrizes para o controle de peso destes veículos. 

Jefferson Ferrarez acrescenta que a legislação brasileira estabelece os limites de carga e dimensão permitidos para circulação, além de conceitos de tara e pesos máximos (PBT e PBTC) por meio da resolução Contran 882/21. “Essa regulamentação determina dimensões básicas como comprimento, largura e altura máxima do caminhão, pesos máximos permitidos, além de estabelecer critérios de fiscalização. Em complemento, o Contran também determina o comprimento e Peso total de combinações veiculares autorizadas a circular no Brasil pela portaria Senatran 268/2022. Portanto, o transportador deve considerar ambas as regulamentações para que esteja em linha com a legislação brasileira em relação aos pesos e dimensões do veículo”, explica.

Benefícios

De acordo com Alekson Felício “os caminhões com maior capacidade do que o necessário para o transporte de uma carga podem trazer uma maior durabilidade e vida útil em seus componentes dado um menor desgaste operacional”. 

Segundo Paulo Razori “existe um modelo sob medida para cada tipo de aplicação. Podemos dar alguns exemplos, caminhões com maior capacidade de carga podem levar quantidades maiores de mercadorias diminuindo o número de viagens e, consequentemente, seus custos operacionais. Porém, vale ressaltar que nem sempre a maior capacidade de carga é o único fator a ser considerado. Existem legislações, por exemplo, que exigem caminhões de menor porte para entregas urbanas ou mesmo por acessos restritos e manobrabilidade dos veículos.”

Projetos

Com as novas tecnologias construtivas e de materiais é possível desenvolver novos conceitos de produtos e sistemas que otimizam as capacidades e durabilidades dos componentes. Para assegurar a eficiência destes elementos existem ferramentas de engenharia que atuam em diferentes fases de estudo e validação, desde a simulação virtual, testes acelerados de bancada e pistas, como testes práticos de campo em aplicações reais de clientes.

Para garantir a segurança, a Volkswagen Caminhões e Ônibus testa exaustivamente todos os seus produtos, além de oferecer de série itens de segurança de ponta em seus caminhões. Como o ABS (Antilock Braking System) ou Sistema de Freio Antibloqueio. Outro exemplo é o Sistema ESC (Electronic Stability Control) ou em português o Controle Eletrônico de Estabilidade. “É um conjunto de fatores que torna os nossos caminhões seguros para rodar em qualquer tipo de aplicação ou mesmo terrenos acidentados”, diz Paulo Razori.

Jefferson Ferrarez explica que os projetos dos veículos é um somatório de itens e o trabalho de várias áreas da empresa. “Em geral, tudo começa com o Marketing definindo a carga almejada e os requisitos dos caminhões que o mercado solicita, passando pela especificação técnica do produto, custo e preço, entre outros pontos. Na Engenharia, há um grande trabalho de análise da capacidade almejada e o dimensionamento dos caminhões, de acordo com a legislação vigente, nos seguintes itens: Dimensionamento dos componentes: eixos dianteiros e traseiros, molas, amortecedores, estabilizadores, caixa de direção, rodas, pneus, chassi, freios, etc; Performance do veículo: motor, câmbio, relação do eixo traseiro e relação peso/potência; e Performance dos freios: área e distância de frenagem, compressor de ar, cilindros de freios, pressão de trabalho e sistemas auxiliares de frenagem.”

Aplicações

Existem aplicações vocacionais especiais, como as fora de estrada (florestais, canavieiras e de mineração), além do transporte de bens indivisíveis (como pás eólicas, geradores, sistemas de subestações elétricas, etc.), que demandam caminhões com maior capacidade de carga para atender às demandas específicas dessas aplicações.

"Para operar com caminhões de capacidades mais elevadas, é necessário um veículo mais robusto, com uma composição apta para lidar com cargas maiores. Isso reflete diretamente no investimento necessário para a aquisição do veículo pelo transportador. Além disso, os transportadores devem obter licenças especiais e contratar motoristas capacitados com treinamentos específicos e, até mesmo, fazer uso eventual de batedores durante o transporte. Todos esses fatores impactam os custos das operações durante o transporte", diz Alekson Felício. 

"Na Volkswagen Caminhões e Ônibus, cada veículo é desenvolvido para oferecer o melhor custo operacional ao cliente. Ou seja, embora os extrapesados tenham um custo de aquisição maior, o retorno gerado ao cliente é compatível com a maior capacidade de carga. Todos os componentes são escolhidos para entregar a máxima produtividade e garantir a alta disponibilidade do veículo em operação", finaliza Paulo Razori. 

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Fotos: Divulgação

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