Setor do transporte avalia nova greve diante silêncio do governo e baixa do frete em Mato Grosso
Por Revista Caminhoneiro em 09/03/2017 às 13:33
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O setor do transporte de cargas de grão de Mato Grosso avalia a possibilidade de entrar novamente em greve, podendo a paralisação ganhar a adesão de outros segmentos do transporte. O novo bloqueio dos caminhoneiros e empresários decorreria do silêncio por parte dos governos Federal e Estadual após reuniões realizadas em janeiro, que visaram o fim do manifesto na ocasião, além do fato do frete estar apresentando queda em pleno pico de safra.
Segundo o representante do Movimento dos Transportadores de Carga (MTG), Gilson Baitaca, o setor do transporte de cargas de grãos em Mato Grosso já avalia uma nova greve. Ele comenta que o frete em pleno pico de safra já começa apresentar retração.
A tonelada entre Sapezal e Porto Velho (RO), de acordo com o Boletim Semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), fechou a semana de 27 de fevereiro a 03 de março em R$ 138. Montante este 4,83% menor que na semana entre 20 e 24 de fevereiro. Já de Campo Verde para Paranaguá (PR) o recuo foi de 48,89% e a tonelada é vista a R$ 115.
O frete, conforme Baitaca, é apenas um dos motivos para uma nova paralisação. “Até o momento não recebemos resposta do governo federal, como prometido pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, de cada uma das demandas apresentadas em reunião realizada em janeiro”.
Baitaca comenta que há um “silêncio” também por parte do Governo de Mato Grosso, visto durante reunião no dia 25 de janeiro, que contou com a presença do setor produtivo e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o vice-governador Carlos Fávaro “prometeu” que uma a criação de uma comissão entre caminhoneiros e a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) para discutir o balizamento do valor do preço pauta do frete para que o ICMS possa ser cobrado em cima desse frete.
Caminhoneiros, autônomos e empresários do setor do transporte fecharam a BR-364 em Rondonópolis em dois pontos entre os dias 13 e 18 de janeiro. O movimento só foi encerrado mediante a garantia de uma reunião com os governos Federal e Estadual.
Crise
O setor do transporte de cargas, principalmente de grãos, vem passando por uma crise há três anos aproximadamente, tendo o seu “enterro do segmento” com a quebra da safra 2015/2016, onde somente entre soja e milho foram quase 9 milhões de toneladas a menos produzidas .
Em 2015, como acompanhado pelo Agro Olhar, os caminhoneiros em Mato Grosso chegaram entre os meses de fevereiro e março a bloquear as principais rotas de escoamento da produção de grãos. Em todo o país foram realizados manifestos em prol de melhores condições de trabalho e um frete que cubra os custos de produção.
O projeto de lei 528/2015 foi criado após as paralisações realizadas no primeiro semestre de 2015, aonde em Mato Grosso todas as principais rotas de escoamento da produção agropecuária com destino aos portos chegaram a ficar bloqueadas. O texto visa o estabelecimento de uma tabela de preço mínimo para o frete, que hoje não cobre os custos de operação do setor de transporte de cargas.
Fonte: Olhar Direto