A CAIXA DE CÂMBIO AUTOMÁTICA, VISTA COM DESCONFIANÇA NO COMEÇO DE SUA IMPLANTAÇÃO, VENCEU O PRECONCEITO E CADA VEZ MAIS SE TORNA UM ITEM INDISPENSÁVEL.
“A evolução ao longo das últimas décadas em questão de durabilidade, segurança, capacidade de transporte e toda a tecnologia embarcada é muito grande”, afirma Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina. “Nossos caminhões têm grande tecnologia em termos de materiais, eletrônica e conexão do veículo com o mundo, acompanhando as tendências”.
Lirmann reuniu a imprensa especializada na Casa do Cliente, espaço reservado dentro da Volvo, em Curitiba, PR, para demonstrar o que a empresa está desenvolvendo em termos de inovação, inclusive com a possibilidade de testá-las no campo de provas.
Antes de falar da sexta geração da caixa de câmbio i-Shift, o presidente lembrou que a Volvo, que estará completando 40 anos em 2017, trouxe o caminhão com intercooler na década de 80, depois o VOAR (Volvo Assistência Rápida), 24 horas por dia, sete dias por semana. Na década de 90, o motor EDC, com controle de injeção e em 94, o lançamento do FH, nivelando os caminhões brasileiros com o que havia de melhor no mundo. Depois do motor eletrônico, veio o freio WEB com 510cv de capacidade de frenagem, apenas para citar alguns exemplos de evolução tecnológica.
“Em 2003 lançamos a caixa de câmbio i-Shift, mesmo com todos duvidando sobre a assimilação pelo operador”, lembra Lirmann. “Não é complicado, pelo contrário, a inovação está no simples. Com o controle eletrônico e qualidade do material com o que há de mais moderno no mundo, conseguimos entregar desempenho, eficiência energética, ganho de economia de combustível e comodidade para o motorista”.
A caixa de câmbio i-Shift oferece mais segurança, conforto e comodidade para o motorista que chega mais descansado ao destino.
A “novidade” deu tão certo, que em 2014, foi estendida para o semipesado VM e hoje, 99% da linha de produção da série F sai com a caixa de câmbio i-Shift.
EVOLUÇÃO
Nos anos 80, a caixa de câmbio mecânica, para 45 toneladas, tinha a durabilidade estimada entre 250 e 350 mil quilômetros, passando para 350 a 450 mil quilômetros na década de 90. Em 2003, a i-Shift chegou elevando a quilometragem entre 700 mil a 1 milhão de quilômetros.
“Não usamos a denominação caixa automática e sim caixa eletrônica porque ela foi concebida dessa forma, partiu do zero e não é uma alteração de uma caixa mecânica”, explica Álvaro Menoncin, gerente de Engenharia de Vendas da Volvo. “A sexta geração da i-Shift recebeu várias modificações como óleo lubrificante, qualidade dos materiais e toda a parte eletrônica para garantir que ela tenha, no mínimo, 1 milhão de quilômetros para dar a maior disponibilidade e durabilidade possível”.
Além disso, a sexta geração vem com conectividade total, proporcionando maior segurança, menor consumo de combustível, tornando o caminhão ainda mais rentável e com um custo operacional mais reduzido.
O veículo “conversa” com ele mesmo, por meio dos sistemas para que tenha a melhor produtividade. O acelerador é mais suave, o motorista tem maior controle e a integração do software da caixa com o motor de 540cv permite saber qual é a carga, a inclinação de rampa e a influência do pedal do acelerador na correção da performance do veículo. “Quanto mais treinado for o motorista, mais ele poderá tirar da tecnologia oferecida pela nova caixa i-Shift”, afirma Menoncin.
A caixa i-Shift tem 12 marchas privilegiando o consumo de combustível e as trocas de marchas são mais rápidas, mantendo a rotação do motor mais estabilizada o que resulta em maior velocidade média e menor consumo de combustível.
Para aplicações específicas, com situações adversas, existe uma opção com 13 velocidades super reduzida (17,5:1 na primeira marcha) e a última marcha overdrive. Com isso é possível sair de situações difíceis, com relação mais curta, e depois, conseguir uma velocidade melhor com uma relação mais longa, a overdrive (menos que 3:1), gastando menos combustível.
Também existe a opção de uma caixa com 14 marchas, com duas super reduzidas (32:1 e 19:1), depois as 12 marchas. Isso permite maior controle de velocidade, ideal para transporte de cargas indivisíveis e espalhador de calcáreo, podendo rodar a 0,5 km/h, com menor consumo, melhor arrancada e maior velocidade média.
EU VEJO
A sexta geração da i-Shift também possui o sistema I-See (eu vejo em inglês) que permite a memorização da topografia da estrada. Em uma segunda viagem, o caminhão “identifica” que já passou por lá e adota o melhor mapeamento para ter um desempenho mais eficiente.
Mas a tecnologia não fica restrita à caixa i-Shift. O sistema Dynafleet permite um controle total do que acontece com o caminhão e, ao contrário de ser um “dedo-duro” do caminhoneiro, serve como um orientador, na medida em que mostra no painel, como ele está se comportando.
Lirmann e a Volvo apostam na conectividade.
Ele faz gestão de frotas, emite relatórios e pode ser colocado para o cliente como e-mail ou como planilha para gerenciar de maneira rápida. Identifica o motorista que está operando o caminhão, e o período em que ele estava ao volante. Tem faixas verde, amarela e vermelha como pontuação para a maneira de dirigir. Também é possível obter informações precisas e instantâneas que demonstra o comportamento do motorista. Essas informações podem ser obtidas em qualquer parte do mundo, no tablet, no celular, no computador por mais de uma pessoa simultaneamente.
A Volvo fez o mesmo percurso de 100 quilômetros com dois motoristas que dão o treinamento a frotistas. Um deles, propositadamente, não dirigiu como deveria e conseguiu o consumo de 2,3 km/l. O outro, seguindo as normas de boa condução, atingiu 1,6 km/ l. A diferença, se considerarmos um caminhão que roda 10.000 km/mês e o valor do diesel em R$ 2,85, foi de R$ 3.750,00. Muito dinheiro que pode ser economizado com treinamento e utilização de todos os recursos do Dynafleet.
O programa mostra onde o motorista está errando, como consertar e melhorar. É possível ver ainda onde está o caminhão por meio de imagens atualizadas por minuto e é possível colocar o nome do motorista e a placa do caminhão. A localização é feita pelo satélite e a transmissão de dados via celular. Se houver áreas de sombra, todos os dados são armazenados e assim que essa região passar, são enviados.
Texto: Francisco Reis l Fotos: divulgação