Para fechar a semana do Dia da Mulher (08) com chave de ouro, a revista Caminhoneiro entrevistou Aparecida de Lourdes Cortiana, na estrada há 13 anos e mãe de quatro filhos.
Ela dirige caminhão desde os 18 anos, quando começou a se interessar ainda mais pela profissão. Durante esse tempo, conciliou outra vocação: ser mãe de Vivian (36 anos), Caio (34 anos), Icaro (26 anos) e João Victor (20 anos).
“Faço o transporte de carga fracionada e normalmente há pessoas encarregadas de fazer o carregamento logístico e eu como motorista profissional, faço apenas o transporte de bens de consumo como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis, entre outros”, diz.
Atualmente, ela dirige um Volkswagen Constellation, que se enquadra na categoria de carreta, bitrem e rodotrem, também conhecido como veículos pesados. “Não são todas as estradas que têm uma área de descanso para os motoristas e quando possui, normalmente, elas são bem precárias. Por isso, penso que deveriam investir mais nessas áreas de descanso, com mais segurança e condições estruturais com banheiros, local para cozinhar. Com certeza isso mudaria a qualidade de vida dos profissionais”.
No entanto, Aparecida está muito satisfeita com a profissão. “Eu amo o que faço e escolhi essa profissão porque gosto muito de dirigir. Caminhão é uma paixão de infância, na minha família sou a única motorista de caminhão”, diz.
A caminhoneira lembra:“quando os meus filhos eram mais novos eu cheguei a ficar 40 dias longe de casa fazendo o transporte de carga. Contava na época com ajuda do meu marido e sempre que voltava tentava estar presente para equilibrar a ausência. É dessa forma fui conciliando até hoje a minha profissão com a vida familiar.”
Na sua família são três homens e sete mulheres e Aparecida é a única motorista de caminhão. “Quando eu era criança, sempre me divertia brincando com os caminhões dos meus irmãos e deixava as bonecas de lado. Na medida que fui crescendo eu queria ser mecânica de caminhão, mas a minha mãe não deixava. Quando de fato me tornei motorista de caminhão profissional, pessoas da minha própria família diziam preconceituosamente para eu fazer serviço de mulher, mas hoje eles já estão acostumados”, revela.
“Amo a minha profissão e não faria nada diferente. Há muito preconceito e já ouvi muitas frases e piadas de mau gosto por parte de colegas de profissão e de familiares. Mas nada disso boicotou o meu amor pela minha profissão. Não me vejo fazendo outra coisa. É uma profissão que tem muitos desafios, mas que se é realizada com amor e dedicação ela nos faz muito feliz e traz realizações”, finaliza.
Foto: divulgação