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TRECHOS FATAIS

Por Revista Caminhoneiro em 06/08/2018 às 16:27
TRECHOS FATAIS

Trechos fatais: a Confederação Nacional do Transporte (CNT) realizou, recentemente, um estudo que faz uma relação entre os acidentes e as características da infraestrutura rodoviária nos locais das ocorrências.

INDICADORES DE ACIDENTALIDADE SEGUNDO A SINALIZAÇÃO - 2017

Entre 2007 e 2017, apenas em rodovias federais policiadas foram registrados 1,65 milhão de acidentes, média de 411,3 por dia. No mesmo período, 83.481 pessoas morreram nessas, o que corresponde a mais de 20 mortes por dia. Essas estatísticas indicam que o Brasil apresenta um atraso de 35 anos em relação aos países desenvolvidos onde quantidade semelhante de mortes e de acidentes rodoviários era um problema do início da década de 1980.  

OS 10 TRECHOS MAIS PERIGOSOS 

Esses são alguns dos resultados do estudo "Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura", divulgado, recentemente, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). O documento apresenta os principais fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes e faz uma relação entre eles as características da infraestrutura rodoviária existente nos locais das ocorrências. O estudo é baseado no registro de acidentes com vítimas ocorridos em rodovias federais de todo o País realizado pela Polícia Rodoviária Federal e nos resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2017. O trabalho da CNT também aponta a frequência e a gravidade dos acidentes segundo o tipo infraestrutura existente, mapeando, ainda, os 100 trechos rodoviários onde se concentram o maior número de mortes.
“Esse estudo comprova que há uma forte relação entre os acidentes e a qualidade das rodovias. São dados consistentes que, mais uma vez, comprovam a necessidade de realização de fortes investimentos em infraestrutura de transporte”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.
A partir disso, a Confederação desenvolve uma análise aprofundada a respeito do perfil dos acidentes e da influência das características do Pavimento, da Sinalização e da Geometria da via – variáveis da Pesquisa CNT de Rodovias – na frequência e na intensidade dos acidentes. A CNT identifica, ainda, os 100 trechos mais perigosos das rodovias federais brasileiras. Trata-se de um rico conjunto de dados capaz de balizar estratégias e políticas públicas para o enfrentamento do problema. Esse exorbitante número de acidentes e de mortes causa prejuízos a toda a sociedade. Um país que busca desenvolvimento necessita de políticas capazes de minimizar esses graves danos. É certo que diversos fatores influenciam essas ocorrências. Entretanto, a insuficiência de investimento em infraestrutura é fator que contribui decisivamente para a insegurança nas rodovias do País. A CNT acredita que os acidentes poderiam, em sua maioria, ser evitados caso houvesse ações efetivas de manutenção, adequação e construção, além de fiscalização eficiente da malha rodoviária brasileira. Segundo o levantamento, os maiores índices de óbitos nas BRs em 2017 ocorreram em trechos com problemas na sinalização (que receberam classificação regular, ruim e péssimo). Foram 11,4 mortes a cada 100 acidentes. O número chega a ser 9,6% maior do que nos trechos com avaliação positiva (ótimo ou bom), que tiveram 10,4 mortes por 100 acidentes. Em relação à ocorrência de acidentes, os trechos rodoviários com sinalização ruim ou péssima também lideraram as estatísticas: o índice chega a 13 mortes a cada 100 acidentes em cada uma das situações. O menor registro ocorre em trechos com sinalização ótima, sendo 8,5 mortes por 100 acidentes, 34,6% menor do que em trechos considerados ruins ou péssimos. Alguns aspectos podem ser determinantes para as mortes e os acidentes. O estudo mostra que, considerando apenas os locais onde ocorreram colisões frontais, 53,9% dos acidentes com vítimas e 47,7% das mortes foram em segmentos onde a pintura da faixa central se encontrava desgastada ou inexistente. Outro fator que potencializa o risco de acidentes é a ausência de placas de limite de velocidade. Em trechos onde não há esse dispositivo, foram contabilizadas 19,9 mortes para cada 100 acidentes. Dessa forma, nesses pontos, o risco de uma pessoa morrer é quase duas vezes maior quando comparado a trechos com presença de placas, onde o índice de mortes/100 acidentes é de 10,2.
“A falta de sinalização indicativa da velocidade potencializa o número de mortes por acidente. O condutor, uma vez desinformado, não consegue, por si só, avaliar o risco que corre ao percorrer o trecho acima do limite, até então desconhecido. Por isso, a chance de ele se envolver em um acidente é grande”, explica o diretor-Executivo da CNT, Bruno Batista.
A visibilidade ruim das placas é outro fator que aumenta a gravidade dos acidentes em rodovias federais. Os maiores índices de mortes estão localizados em trechos que possuem mato cobrindo parcial ou totalmente a visibilidade das placas com, respectivamente, 19,8 e 16,3 óbitos a cada 100 acidentes. De acordo com o estudo, esses problemas elevam o índice em 60,8%, uma vez que, quando há visibilidade total das placas, são contabilizados 11,4 mortos por 100 acidentes. Um trecho de 10 km da BR-101 no município de Guarapari (ES) foi considerado o mais perigoso do País pela CNT no estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”. No levantamento, a Confederação avaliou 4.571 trechos de até 10 km e adotou o critério de maior número de mortes em acidentes registrados em 2017, para chegar à lista dos cem trechos mais perigosos do Brasil. O segmento que está no topo do ranking localiza-se entre os quilômetros 343,1 e 353,1 da BR-101, onde ocorreram 21 mortes e 14 acidentes. Uma das causas desse resultado está no fato de que o trecho foi palco, no ano passado, de um acidente que envolveu duas ambulâncias, um ônibus e uma carreta – todas as mortes foram registradas pela polícia nessa ocorrência. A BR-101 aparece também no segundo lugar, dessa vez, com um trecho no município de Abreu e Lima (PE), onde ocorreram 15 mortes e 142 acidentes. Em seguida, está a BR-040, localizada no município de Luziânia (GO), que registrou 15 mortes e 103 acidentes. Em quarto lugar, aparece um trecho da BR-381 em Itatiaiuçu (MG), com 14 mortes e 95 acidentes. Já em quinto, encontra-se a BR-116 em Guarulhos (SP), com 13 mortes e 252 acidentes.
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