Maio de 2018 entrou para a história do País, mas uma pergunta que não podemos deixar de fazer é: de lá para cá, conseguimos algum progresso?
Filas nos postos de combustíveis, escassez nas prateleiras dos supermercados, falta de alguns medicamentos nas farmácias e a luta pelos direitos dos caminhoneiros - esse é o cenário que ficou bem registrado em nossas mentes há 3 anos.
Iniciada em 21 de maio de 2018, aqui no Brasil, a paralisação dos caminhoneiros começou principalmente por conta da insatisfação com o valor do diesel e as condições de frete para os caminhoneiros autônomos.
Porém, após alguns dias a manifestação passou a se destacar também para todos que não tinham ideia do quanto o transporte rodoviário de cargas é essencial!
Essencial talvez seja até pouco, pois sua falta por aproximadamente 10 dias, que foi o tempo que durou a paralisação, mostrou que um país e suas principais cidades tem capacidade de entrar em colapso caso esse serviço não funcione.
A paralisação foi uma oportunidade para evidenciar as condições em que muitos profissionais precisam trabalhar, pegando muitas vezes a estrada com o caminhão longe da capacidade média.
Mas para tentar entender tudo o que aconteceu, vamos falar um pouco sobre os anos anteriores à paralisação também, até chegarmos em 2018 e tudo o que aconteceu após isso.
Para começar, em 2014 o Brasil passou pela maior crise econômica dos últimos anos. Isso somado ao ano de 2008, quando o País também sofreu fortes impactos econômicos pela crise iniciada nos Estados Unidos, foi o que tornou a década, até 2018, bem conturbada para o Brasil.
Com as taxas de desemprego altas ainda em 2016, quando o Brasil começava a se recuperar, o ano que seguiu foi vermelho, até que no primeiro trimestre de 2017 houve o primeiro aumento do PIB (Produto Interno Bruto), que foi de 1%.
Embora tenha sido o primeiro aumento após 8 trimestres consecutivos de queda, foi o suficiente para tirar o Brasil da chamada “maior recessão do século”, mas não o bastante para que o País saísse totalmente da crise.
Por isso, os anos seguintes ainda foram marcados por um contexto de reestruturação econômica. Sendo assim, podemos ter uma boa introdução de como foram algumas coisas até 21 de maio de 2018, certo?
Naquele mês, em maio de 2018, o diesel chegou a um aumento de 50% em relação aos 12 meses anteriores, o que foi o estopim para que os caminhoneiros protestassem contra isso e todos os outros motivos que já tinham.
Esse foi o principal causador da paralisação, que enquanto acontecia deu margem para bandeiras anticorrupção de apoiadores do movimento, e que ao longo dos dias, fez com que essas indignações passassem a ser do conhecimento de toda a população.
Com caminhões bloqueando parte das rodovias em todo o Brasil, os combustíveis deixaram de ser entregues aos postos, além de outras matérias-primas e alimentos essenciais, gerando filas em diversos postos e outros estabelecimentos.
O movimento pró caminhoneiros começou a diminuir após o primeiro fim de semana, quando houve um acordo entre o governo e alguns representantes da categoria, além da entrada do Exército para retirar os bloqueios e garantir o abastecimento dos setores que foram afetados.
Mas tendo em mente tudo o que aconteceu, as reivindicações e como tudo foi se dissipando após 10 dias de paralisação, será que podemos ver alguma mudança agora, 3 anos depois?
Bom, a revista Caminhoneiro sempre esteve ao lado daqueles que realmente sabem como é a vida nas estradas, ouvindo, apoiando e abrindo espaço para ajudar em tudo o que for possível.
Por isso, precisamos dividir este questionamento em duas partes, e na primeira vamos ver alguns dados que vão nos ajudar a comparar aquele ano com tudo o que foi visto até hoje.
Registrando uma alta que chegou a R$ 3,83 em maio de 2018, durante a paralisação, o diesel passou a cair meses depois, atingindo os R$ 3,71 em agosto do mesmo ano.
Contudo, houve um pico entre outubro e novembro que colocou o preço do diesel acima de R$ 3,71, mas que após esse aumento, encerrou o ano custando R$ 3,45.
Já em 2019, o litro do óleo diesel teve alta de 8,69% ao longo dos 12 meses, passando de uma média de R$ 3,45 em janeiro, para R$ 3,75 em dezembro.
No ano passado, os preços e reajustes passaram a ter um fator a mais. A pandemia de Coronavírus teve seu primeiro caso registrado em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, e após 2 meses, a onda que se espalhava pelo mundo e já continha centenas de casos registrados na Europa chegou ao Brasil com toda força.
Além de diversas medidas preventivas que poderiam ter sido adotadas para suavizar o impacto iminente, foi no final de fevereiro, alguns dias após o carnaval, que foi registrado o primeiro caso de Coronavírus no Brasil.
Isso virou o País e todo o mundo de cabeça para baixo, mostrando mais uma vez que, além de essencial, o transporte rodoviário de cargas era um dos braços funcionando para que o Brasil não afundasse totalmente em meio ao caos em que se encontrava - e encontra.
Nesse contexto, nos primeiros meses e principalmente antes da pandemia, o valor do diesel começou o ano em queda, chegando a R$ 3,00 o litro até maio. Mas em dezembro de 2020, o valor do litro ficou em alta novamente, atingindo os R$ 3,58.
Atualmente, em 2021, o Brasil e o mundo continuam lutando contra esse vírus. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o País atualmente é o segundo no ranking de mortes causadas pelo Coronavírus, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Em meio a essa crise, o abastecimento nos supermercados chegou a ser escasso em alguns momentos, aliado ao desespero de algumas pessoas que passaram a comprar diversos itens com medo de que acabassem.
Contudo, o transporte rodoviário nunca parou, e tão importante quanto os profissionais da saúde (médicos, enfermeiros etc), psicólogos, professores e todos que mesmo após ser estabelecida a quarentena não pararam de trabalhar, os caminhoneiros seguem firmes na estrada, levando alimentos, remédios e vacinas!
Podemos dizer então que se a paralisação de 2018 foi necessária principalmente por buscar melhores condições de trabalho para os caminhoneiros autônomos, o cenário emergencial de pandemia só evidenciou uma das duas alternativas: uma melhora significativa nas condições de trabalho ou nenhuma alteração de lá até hoje.
Agora, em maio de 2021, uma das maiores paralisações que o Brasil já viu completa 3 anos, e que após alguns acordos e certa pressão, mudanças haviam sido prometidas.
Além disso, o combate ao Coronavírus completa, em maio, 15 meses aqui no Brasil, e como dito, foi mais uma prova do quanto o serviço do caminhoneiro precisa ser valorizado.
Lá atrás falamos sobre duas coisas que precisaríamos fazer para tentar entender se as coisas mudaram, e acreditamos que a segunda seja um momento de expressão, reflexão e opinião.
Por isso, essa segunda parte é com vocês, caminhoneiros e caminhoneiras que acompanham a revista Caminhoneiro e estão na linha de frente:
Comparado ao cenário encontrado em 2018, principalmente para os caminhoneiros autônomos e nas questões voltadas às condições de trabalho, o que mudou de lá para cá?
Alguma coisa melhorou?
Queremos ouvir vocês!
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