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Um encontro de amigos caminhoneiros se transforma em uma grande oportunidade para ajudar as pessoas, mostrando que solidariedade faz bem em qualquer lugar.
A chuva nos dias anteriores e o tempo nublado no domingo afugentaram boa parte dos mais de 400 inscritos para participar do V Drive Truck de Cotia, encontro de caminhoneiros, realizado no dia 13 de setembro. Porém, quem foi, passou um ótimo domingo entre amigos, com muita alegria e descontração, além de ganhar vários prêmios.
Há 12 anos Osvaldo Morini juntou quatro ou cinco amigos para lavar os caminhões, polir e conversar sobre o meio na porta da sua oficina. A ideia pegou e todo ano o encontro se repete, cada vez com mais caminhoneiros. A porta da Morini´s Car ficou pequena para abrigar mais e mais companheiros. Há cinco anos, o Encontro passou a fazer parte do calendário oficial das festividades da Prefeitura de Cotia e ganhou um espaço bem maior.
“Nossa ideia era lotar o estacionamento ao lado do terminal de ônibus”, explicou Morini. “Mas não deu. Vieram 193 caminhões, dos 416 inscritos. Mas se não conseguimos uma grande quantidade, fizemos um evento com muita qualidade. Sem nenhuma briga, nenhuma confusão e em um clima muito bom. Uma grande família formada por diversas famílias dos caminhoneiros”.
E quem foi ao V Drive Truck de Cotia não se arrependeu. Além de colocar os assuntos em dia com outros caminhoneiros, pode usufruir de uma boa infraestrutura com barracas de alimentação com vários tipos de comida e sorteios de vários brindes.
Foram distribuídas cestas com produtos automotivos, 300 litros de diesel, 14 tambores de óleo e algumas baterias. Uma delas foi dada para um caminhoneiro que fazia seu caminhão “pegar no tranco”, justamente por falta de bateria. A filha dele disse que havia rezado muito pedindo a Deus que o pai ganhasse a bateria.
Mas os caminhoneiros mostraram que não é só ganhar. É preciso dar. E doaram. Foram cerca de 400 quilos de alimentos para o Núcleo de Enfrentamento da Pobreza, onde o Sr Peter, com quase 90 anos, faz um bonito trabalho auxiliando as pessoas. “Eu sei que os alimentos vão para as pessoas certas, que realmente precisam”, afirmou Morini. “E isso deixa a gente muito contente. É a união de todos ajudando quem realmente precisa”.
Morini agradeceu a todos que participaram e a união entre todos. “É preciso as pessoas se unirem para não acabar a profissão de caminhoneiro”, diz. “Quem tem 10 caminhões não é caminhoneiro, é empresário e pode aceitar um frete bem mais baixo. É preciso se unir e lutar por fretes decentes, que, pelo menos cubram os custos e possibilitem um pouco de dinheiro para que os caminhoneiros vivam com decência.”
Personagens
Entre os muitos caminhoneiros presentes no evento, estava Fernando Borba, de 26 anos que dirige caminhão desde os 18. Bem, na verdade, desde os 13, confessa dando risada. Atualmente é empregado e pilota um Volkswagen Constellation 24.250, com caçamba, transportando entulho.
Apesar da pouca idade, Borba sabe que a união é fundamental em qualquer categoria. “Quando eu comecei a trabalhar com caçamba, percebi que a categoria não tinha união”, explicou o caçambeiro. “Então eu tive a ideia de criar o Grupo Elite da Caçamba – GEC, no Facebook, e em pouco tempo consegui juntar uma boa turma. A intenção é se unir, trabalhar de maneira correta, trocar experiências e se divertir com um bom papo entre amigos”.
O GEC participou do Encontro do ano passado com cinco caminhões. Este ano, foram 19. “É bom reunir a galera. Muitos trabalham à noite, outros longe, então é difícil encontrar o pessoal”, disse Fernando Borba. “Aproveitamos o 5º Truck Drive de Cotia para juntar a moçada e nos divertir”.
A estrela da festa
E no meio de todos os caminhões, um deles destoava, chamava a atenção, impressionava pelo tamanho e brilho de seus cromados e era fotografado por todos. Um Kenworth 1977, americano, fez a festa dos amantes de caminhões.
O dono do Kenworth é Osvaldo Strada, que nunca foi caminhoneiro, apesar de seu pai ter sido. “Se eu falasse que queria ser caminhoneiro, meu pai me matava”, falou Strada dando muita risada. Atuando há 40 anos no ramo de informática, nunca perdeu o amor pelos caminhões.
Amor que transformou em admiração e desejo de ter um após outro. “Comprei meu primeiro caminhão, um GMC, ano 52, há 20 anos”, lembra. “Meu pai tinha um FNM e eu fui comprando esses modelos. Hoje tenho 25 FNM, 4 Volvo, 2 GM, 1 Scania, 1 Mercedes LP321 e esse Kenworth”.
Para guardar todos os modelos ele possui um amplo espaço em sua casa, além de uma equipe para fazer a manutenção. Coisas simples, como troca de óleo, verificação dos fluidos, calibrar pneus, movimentar um pouco todos eles que funcionam perfeitamente.
Por gostar muito de caminhões, Osvaldo Strada participa de várias “tribos”. Tem a tribo dos FNM, dos GM e dos Volvo. Ele participa de cada uma delas e ainda tem o Scania, o Mercedes e o Kenworth.
Este modelo americano tem motor Cummins de 570 cavalos e é uma verdadeira casa ambulante. E não é exagero. Possui geladeira, microonda, uma cama para duas pessoas e um espaço interno muito grande que permite ao motorista andar sem ter que se curvar.
Na parte traseira do Kenworth existe uma placa de alumínio que serve para colocação de correntes. “Como nos Estados Unidos ele roda em locais com muita neve, precisa ter essas correntes para em caso de atolar, usá-las para sair sem patinar”, explica Strada. “Pelo mesmo motivo o chassi do caminhão é feito de alumínio. Para derreter o gelo, as autoridades de trânsito jogam sal nas ruas. O sal é altamente corrosivo. Se o chassi fosse de ferro, em pouco tempo estaria corroído”.
O Kenworth tem um sistema de tração diferente. Quando ele começa a se movimentar, a tração 6x4 é ligada automaticamente. Ao atingir a velocidade de 40 km/h, ela se desliga para economizar combustível. O caminhão que é feito para longas distâncias, pode atingir até 180 km/h e possui dois tanques de combustível, que juntos acumulam 600 litros de diesel.
Diante de tantos cromados, do porte avantajado, do estilo que impõe respeito e até de um aerofólio no teto, Strada confessa: esse não é o seu caminhão preferido em sua coleção. “O que eu mais gosto é do FNM”, diz com um sorriso. “Meu pai tinha FNM e eu peguei amor por esses caminhões”.
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