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Veja a importância do Rádio PX na década de 90 (ArquivoRC)

Por André de Angelo em 27/09/2021 às 17:01
Veja a importância do Rádio PX na década de 90 (ArquivoRC)

Com um alcance condicionado às condições atmosféricas, climáticas e geográficas, o Rádio PX continua sendo utilizado nos dias de hoje, mas já foi considerado o meio de comunicação mais importante entre os caminhoneiros

Conforme o tempo passa e novas tecnologias surgem, as mudanças causadas por esses avanços sempre mudam diversas áreas da vida.

Se pudermos destacar um campo que sempre se beneficia muito dos progressos alcançados por meio de novas tecnologias, certamente em uma das posições do topo encontramos a comunicação.

Com o passar do tempo a forma de comunicação entre os veículos, como a própria revista Caminhoneiro, e as comunicações diretas entre as pessoas se transformaram.

Antes, as matérias e tudo o que era veiculado passava por um processo mais demorado. Se hoje você está lendo esse conteúdo no seu celular, computador, tablet, utilizando internet e de forma muito mais dinâmica, tente se lembrar de 22 anos atrás.

Publicada em 1999, na edição nº 151 da revista Caminhoneiro, uma matéria levantava a importância do Rádio PX e seu auxílio na comunicação entre caminhoneiros.

O PX, que é utilizado até nos dias de hoje, era uma forma de estabelecer uma boa comunicação entre os motoristas, alertando sobre acidentes ou outros perigos na estrada.

No entanto, antigamente o Rádio PX era a única forma de comunicação caso acontecesse algo, como um acidente, assalto, problemas mecânicos ou condições ruins da estrada que impedissem os motoristas de seguir viagem.

Na época os telefones eram encontrados apenas em postos de parada, e isso quando tinham. É um detalhe que evidencia bem como as coisas eram diferentes, considerando que hoje, mesmo sendo utilizado, a falta do PX não seria um problema tão grande.

Com o celular, que carregamos para todos os lugares, todos os dias, podemos pedir ajuda de diversas formas. Por ligação, Whatsapp ou qualquer outro meio por meio de internet, as possibilidades são incontáveis.

Mas nos anos 90 a realidade era outra, não é mesmo? Com um alcance de até 2 mil km, o PX funciona em uma frequência específica, mas a questão principal é que sua utilização depende de autorização da Anatel.

Era exatamente essa a questão da matéria publicada. Nela, o ponto favorável aos caminhoneiros foi levantado, uma vez que a categoria pedia às autoridades que fossem mais flexíveis quanto ao uso do PX.

Se pensarmos hoje, qualquer legislação que dificulte a permissão de utilizar o rádio em um caminhão não seria um problema tão grande, certo?

Isso porque em quase todos os cantos do mundo contamos com smartphones, acesso à internet e novas formas de comunicação.

Mas nos anos 90 essa opção não existia, e essa era a reivindicação da classe. Se por um lado as autoridades possuíam leis rígidas e que dificultavam o uso como cidadão para os caminhoneiros, por outro haviam motoristas que utilizavam frequências fora do padrão determinado.

A matéria trazia também o ponto de alguns entusiastas que defendiam a utilização do rádio para caminhoneiros. Antonio Augusto Guedes Trindade, de 44 anos, possuía uma rádio PX há 7 anos na época, e fazia parte da diretoria do Grupo Transamérica.

“Além de ser um equipamento para recados e avisos, ajuda muito na segurança para alertar sobre suspeita de assaltos ou problemas nas rodovias. Por isso, peço que as autoridades sejam mais maleáveis”, disse o caminhoneiro.

Outro ponto defendidos pelos caminhoneiros para a utilização do PX era usar o meio de comunicação para conseguir novos fretes.

Na edição da revista também ficou claro o quanto os caminhoneiros queriam mudar as questões que restringiam o uso do rádio PX. Nas fiscalizações, por exemplo, eram exigidas notas fiscais do aparelho.

No entanto, os modelos não eram fabricados no Brasil, por isso não possuíam nota. Esse era um dos motivos para os PX serem “tomados” nas fiscalizações.

Integrantes de diversos grupos de caminhoneiros, na época, chegaram a propor que os Grupos de PX (como eram chamados os apoiadores) se reunissem com para providenciar uma solicitação de audiência com o Ministério das Comunicações para que pudessem explicar a situação.

Acontece que na época, em fiscalizações realizadas com a Polícia Rodoviária Federal com a Anatel alguns aparelhos eram confiscados caso motoristas fossem apanhados sem a devida regulamentação.

Para que fosse um ato legal, assim que o motorista comprava o aparelho precisava procurar a Anatel para obter a licença de operação.

Isso podia ser feito nas capitais onde existiam as delegacias da Anatel, e o processo exigia o pagamento de uma taxa para obter o licenciamento. Dessa forma o aparelho ficava de acordo com a lei, pois a emissão da licença substituía a obrigatoriedade da nota fiscal.

Um detalhe técnico: no Brasil, só podia operar rádios de 1 a 60 canais, e os rádios homologados na época eram o Cobra 148 GTL e o Uniden 148.

Líderes de diversos grupos traziam seus relatos apoiando a utilização do PX por caminhoneiros. Mesquita, do Grupo GNP, mesmo não trabalhando com caminhão naquela situação continuava usando e defendendo o uso do aparelho.

Além de afirmar que “ninguém pode tomar o seu PX”, enfatizando sua posição contrária à regulamentação e fiscalização, contou também que junto com um colega pôde prestar assistência a um estradeiro de Uberaba.

“Por volta de meia noite, ele estava quebrado na SP-340. Meu colega saiu da residência quando ouviu o pedido de auxílio pelo canal 05, o preferido dos caminhoneiros. Também fui de carro até lá. Ele pôde, então, seguir viagem e foi agradecendo a nós pela ajuda naquela hora e naquela escuridão”, contou o motorista.

Histórias assim motivaram ainda mais outros caminhoneiros a apoiarem esses grupos, aumentando a pressão sobre as autoridades. Não fossem essas razões plausíveis, os caminhoneiros também usavam o PX para desenvolver amizades.

Por fim, a matéria fala sobre a certificação e regulamentação dos modelos em circulação. José Mário Gomes, do PX Clube Rodoviário de Uberlândia, deu sua opinião dizendo que a Polícia pegava no pé com a regulamentação para ver se acabava com os clandestinos.

Muitos utilizavam o rádio para atrapalhar, fazer baderna e driblar as fiscalizações e policiamento. Por isso, os grupos defendiam que o PX é um ensinamento de civismo e fraternidade, devendo ser encarado como uma verdadeira escola destinada a desenvolver educação, boas maneiras e cortesia.

O último detalhe abordado na matéria é a seriedade que precisa ser tratado além de sua utilização nos postos.

Logo depois de comprar um dos modelos permitidos no Brasil, o motorista precisava procurar a Anatel para obter sua licença e operar de acordo com o permitido.

Para conseguir essa permissão os próprios caminhoneiros davam dicas. “Espero que todos utilizem o rádio com mais seriedade. Peço aos postos de abastecimento para que tenham rádio na faixa de 11 e 40 metros”, finalizou Trindade.

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