Após um ano de bons números em 2024, a Volvo prevê que o mercado de caminhões no Brasil poderá enfrentar muitos desafios em 2025. Segundo Wilson Lirmann, presidente da Volvo na América Latina, desde o último trimestre do ano passado já era perceptível um movimento de cautela por parte dos transportadores em relação a novas aquisições. Mesmo com indicadores econômicos positivos, como o crescimento do PIB e uma boa safra, as altas taxas de juros resultantes de questões fiscais têm impactado o setor. Ainda assim, ele ressalta que o mercado de caminhões é cíclico, com períodos de crescimento e retração.
Essa tendência já foi observada durante a Fenatran 2024, conforme destacou Alcides Cavalcanti, diretor Executivo da Volvo Caminhões. Os fatores mencionados já mencionados influenciaram diretamente nas intenções de compra registradas no evento. Além disso, há incertezas quanto ao impacto do aumento das tarifas sobre o aço.
“Ainda não há uma definição clara sobre quais tipos de aço serão afetados, se laminado, para construção ou automotivo, e se o Brasil poderá negociar um acordo de cotas, como ocorreu em 2018 para minimizar os impactos do aumento de tributos sobre o aço imposto pelos EUA naquela época”, diz Alcides.
O diretor Executivo da Volvo Caminhões continua:
“Os três primeiros meses de 2025 serão decisivos para avaliar as perspectivas do mercado de caminhões. Já há sinais claros de que a taxa de juros continuará a subir, com o Banco Central tendo sinalizado aumentos para março e ao longo do ano. O impacto das altas taxas de financiamento tem levado os clientes a postergar decisões de compra. Com juros anuais, muitos transportadores preferem esperar para renovar suas frotas.”
“Em relação à carteira de pedidos da Fenatran 2024, cerca de 30% dos pedidos foram faturados e entregues até janeiro de 2025. No entanto, aproximadamente 30% foram cancelados ou suspensos, enquanto o restante ainda aguarda decisões dos clientes. A incerteza econômica, a instabilidade do câmbio e a alta dos juros têm levado muitos empresários a adiar ou reconsiderar seus investimentos”, explica.
A renovação de frota também apresenta desafios. Grandes frotistas, que costumam trocar seus caminhões a cada dois ou três anos, continuam realizando aquisições planejadas, aproveitando condições favoráveis de negociação. No entanto, pequenos e médios transportadores, que não têm acesso a taxas de juros competitivas, tendem a adiar a renovação, levando ao envelhecimento gradual das frotas. Atualmente, o foco do mercado está mais na renovação de veículos do que na ampliação de frotas, tendência que se intensificou nos últimos anos.
Segundo Alcides Cavalcanti, diretor-executivo da Volvo Caminhões, outro fator relevante para 2025 são os impactos da inflação nos preços dos caminhões. Já houve aumentos no início do ano, com repasses de custos relacionados ao câmbio e à inflação geral do país. A dependência de insumos importados, que representam entre 30% e 35% do custo dos veículos, torna a indústria vulnerável às variações do dólar, que já se encontra na faixa de R$ 5,76. Novos reajustes de preços ao longo do ano não estão descartados.
Resultados positivos de 2024 e novas oportunidades para 2025
Apesar das incertezas para 2025, a Volvo encerrou 2024 com resultados expressivos. A marca manteve a liderança na soma dos segmentos de caminhões semipesados e pesados no Brasil, com 23.185 veículos emplacados, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior e uma participação de mercado de 23,7%. O modelo FH 540 foi o caminhão mais vendido do Brasil pelo sexto ano consecutivo, com 7.765 unidades licenciadas. O FH 460 ficou em segundo lugar entre os pesados, com 4.956 emplacamentos. No total, a Volvo registrou 18.838 caminhões pesados vendidos, alcançando 30% de market share nesse segmento.
Na linha de caminhões VM, a Volvo também se destacou, com 7.462 unidades vendidas. O VM 290 foi líder entre os semipesados, com 4.026 unidades emplacadas. Além disso, a Volvo liderou os segmentos vocacionais, como o florestal (61% de market share), mineração (44%) e cana-de-açúcar (29%). O modelo VMX, versão off-road do VM, teve 3.000 emplacamentos, representando 40% das vendas da linha VM.
Para 2025, a Volvo aposta em novas oportunidades internacionais. A marca iniciará exportações de caminhões brasileiros para o México, que passa a ser um novo mercado sob responsabilidade da Volvo América Latina. Os modelos FH e VM serão enviados em diferentes configurações, aproveitando a transição do mercado mexicano para caminhões de cabine avançada. Os primeiros embarques estão programados para fevereiro.
Na América Latina, a Volvo também consolidou sua presença em mercados como Peru e Chile. No Peru, foram entregues 2.064 caminhões em 2024, mantendo a liderança da marca no país com 24% de participação. No Chile, foram 1.260 unidades vendidas, garantindo um market share de 17%. Somando as entregas no Brasil e nos demais países da região, a Volvo comercializou 27.111 caminhões na América Latina em 2024, um crescimento de 15%.
Diante desse cenário, 2025 será um ano de desafios e ajustes para o setor de caminhões. A Volvo, apesar das previsões de um mercado menor, aposta na continuidade de sua liderança e na busca por novas oportunidades, tanto no Brasil quanto no exterior.
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